Influenciadoras que entregaram banana e macaco de pelúcia para crianças negras serão julgadas a partir desta quinta-feira


Kerollen Cunha e Nancy Gonçalves, mãe e filha, com mais de 13 milhões de seguidores em uma de suas redes sociais, foram acusadas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por injúria racial contra duas crianças negras. Influenciadoras serão julgadas a partir desta quinta-feira
Reprodução
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) vai dar início nesta quinta-feira (13) ao julgamento das influenciadoras Kerollen Cunha e Nancy Gonçalves, acusadas pelo Ministério Público (MPRJ) por injúria racial contra duas crianças negras.
Kerollen e Nancy, mãe e filha, com mais de 13 milhões de seguidores em uma de suas redes sociais, gravaram dois vídeos onde aparecem entregando uma banana e um macaco de pelúcia para crianças negras em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Estado.
Segundo o MP, a entrega de bananas e um macaco de pelúcia a crianças afrodescendentes revela uma presunção racista de que pessoas negras seriam associadas a macacos.
“Este é um exemplo claro de racismo disfarçado de entretenimento nas redes sociais. As acusadas exploraram a inocência de crianças negras para produzir conteúdos ofensivos e humilhantes”, disse o advogado João Marcos Viana de Moraes, que defende as crianças.
“Estamos confiantes de que a Justiça será feita, garantindo a proteção da dignidade das vítimas e reafirmando combate ao racismo”, completou.
Influenciadoras entregam banana e macaco de pelúcia para crianças negras no RJ
A primeira audiência de instrução e julgamento está marcada para às 13h40, na 1ª Vara Criminal da Comarca de São Gonçalo, no bairro de Colubandê, nesta quinta.
O Ministério Público pede a condenação das duas influenciadoras e o pagamento de R$ 20 mil para cada uma das vítimas, como indenização por dano moral.
Segundo o advogado Mário Jorge dos Santos Tavares, que faz a defesa de mãe e filha, os vídeos foram editados e as influenciadoras não praticaram nenhum ato racista.
“Os vídeos foram editados. A todo momento os pais, as crianças e as minhas clientes interagiam. Todos os envolvidos são da mesma comunidade e, infelizmente, foi notificado e colocado na mídia como se elas fossem pessoas racistas. Como pessoas que praticavam racismo recreativo”, disse Mário Jorge.
“Todos os envolvidos são pessoas simples, humildes. Elas começaram a fazer essas brincadeiras durante a pandemia para se distraírem. Não houve racismo. Não havia intenção de prática de racismo”, analisou o advogado.
Relembre o caso
No primeiro semestre de 2023, Kerollen e Nancy gravaram dois vídeos com crianças negras em São Gonçalo, perto de onde elas moravam.
Nancy e Kerollen saindo da Decradi, no Rio, em junho de 2023.
g1/Rafael Nascimento
No primeiro vídeo, elas abordaram uma criança de 10 anos, que vendia balas próximo a um supermercado em Alcântara. No vídeo, elas aparecem entregando uma banana ao menino negro.
A gravação mostra Kerollen conversando com o menino na calçada e questiona se ele gostaria de ganhar um presente ou R$ 10. Ele opta pelo presente, mas, ao perceber que se tratava de uma banana, responde “só isso?”, afirma que não gostou e sai andando.
A conduta foi filmada e divulgada em rede social em tom de deboche, sendo considerada ofensiva à dignidade da criança, segundo o MP.
O outro caso foi com uma menina negra de 9 anos, que brincava próximo à sua casa em Jardim Catarina. A dupla ofereceu um macaco de pelúcia de presente. Essa ação também foi filmada e divulgada em rede social.
A influenciadora para uma menina na rua e faz uma proposta similar a do primeiro vídeo, oferecendo a opção de a criança escolher entre R$ 5, ou uma caixa.
A criança opta pelo “presente”, abre a caixa, vê que se trata de um macaco de pelúcia, aparenta ter ficado feliz, abraça o brinquedo e agradece a influencer.
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