‘Um dia que não acabou’, diz pai de jovem atleta do Sport morto há um ano por bala perdida em operação policial


Morte de Dárik Sampaio da Silva, de 13 anos, fez um ano no domingo (16). Juíza encaminhou processo para a Procuradoria-Geral de Justiça após MPPE pedir arquivamento do caso. Caso Dárik: pai pede justiça um ano depois que jovem atleta do Sport foi morto por bala perdida
A morte de Dárik Sampaio da Silva, de 13 anos, jovem atleta do Sport que morreu após ser atingido por uma bala perdida durante uma operação policial no Recife, fez um ano no domingo (16). Desde então, a família do adolescente lida com a perda enquanto luta por justiça (veja vídeo acima).
“Não dormi esta noite, não. É um dia que, para mim, não acabou. […] Eu falava todo dia: ‘pai, eu te amo’. E ele respondia: ‘eu te amo, velho, eu te amo, meu velhinho’. Papai vai lutar até o fim, vai a qualquer lugar para que a justiça venha a ser feita, não vai ficar assim, não”, disse o pai do menino, Davidson José da Silva, em entrevista à TV Globo.
✅ Receba no WhatsApp as notícias do g1 PE
Dárik morreu na noite de 16 de março de 2024, enquanto voltava da escola, no bairro do Jordão, na Zona Sul do Recife. O garoto estava conversando com duas amigas na calçada quando foi baleado. A ação foi filmada por uma câmera de segurança (saiba mais abaixo).
Entre as lembranças que o pai guarda do filho até hoje, estão as medalhas que ele ganhou, além das camisas e da chuteira que o menino usava nos treinos de futsal sub-14.
“O que ele queria era jogar bola. A única coisa que ele queria era ser um atleta profissional. E tiraram isso dele. Tiraram os sonhos dele, tiraram os sonhos da gente. É muito difícil, muito difícil mesmo, olhar para tudo isso aqui e saber que seu filho estava encaminhado em tudo, estava tão bem”, declarou Davidson.
Pedido de arquivamento
Em dezembro do ano passado, a investigação do caso foi encaminhada para a Procuradoria-Geral de Justiça depois que a juíza Fernanda Moura de Carvalho, da 1ª Vara do Tribunal do Júri da Capital, negou o pedido de arquivamento do processo pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE).
A promotoria considerou que não seria possível identificar quem disparou o tiro que matou o jovem, já que vários policiais utilizavam o mesmo tipo de pistola. No entanto, para a magistrada, novas diligências podem ser solicitadas à polícia, visto que os policiais envolvidos na perseguição foram identificados.
Em fevereiro, representantes do MPPE acompanharam uma perícia complementar realizada no local por profissionais do Instituto de Medicina Legal (IML). A família da vítima espera que seja feita uma reprodução simulada.
“Essa reprodução simulada, junto com as imagens, será fundamental, justamente, para poder analisar, ponto a ponto, o posicionamento de cada um dos envolvidos e, com isso, tentar determinar quem foi o autor dos disparos para poder individualizar a conduta de cada um dos envolvidos no caso”, afirmou o advogado Walter Reis, que representa os pais de Dárik.
O pai do menino disse esperar que os responsáveis não sejam impunes. “Que eles [os policiais] saibam que ninguém está acima da lei, que eles não são a lei, eles têm que cumprir a lei. É o que eu peço. Com essa reprodução simulada, a gente sabe que, consegue, sim, identificar quem são os autores”, disse Davidson.
Procurado pela TV Globo, o MPPE informou que aguarda a conclusão da perícia realizada no mês passado. Já a Secretaria de Defesa Social (SDS) disse que tem cumprido “todos os protocolos” para garantir uma apuração rigorosa sobre o ocorrido.
A SDS afirmou, ainda, que, na parte administrativa, há uma investigação em curso por parte da Corregedoria Geral e, que no âmbito criminal, assim que forem finalizados os novos laudos da perícia, o inquérito será concluído e remetido ao MPPE.
Darik Sampaio da Silva, de 13 anos, vítima de bala perdida no Jordão, Zona Sul do Recife
Reprodução/TV Globo
Relembre o caso
Vídeo mostra perseguição policial que deixou adolescente morto
Dárik morreu na noite de 16 de março de 2024, na Rua Professora Arcelina Câmara, no bairro do Jordão, na Zona Sul do Recife;
Ele estava com duas colegas na frente da casa de uma delas quando foi atingido por disparos de arma de fogo;
A ação foi filmada por uma câmara de segurança (veja vídeo acima);
De acordo com a Polícia Militar, agentes do 6º Batalhão foram acionados para uma ocorrência de roubo de carro, que foi rastreado em Jardim Jordão, em Jaboatão dos Guararapes;
Os policiais foram ao local e avistaram o carro, mas os criminosos começaram uma fuga ao perceberem a presença dos PMs, o que deu início à perseguição;
Segundo a PM, a perseguição foi até uma rua sem saída, onde Dárik estava e, conforme a corporação, os suspeitos começaram a disparar contra os policiais, que revidaram;
Dois homens conseguiram fugir e outros dois foram detidos;
No carro, a polícia disse que achou duas armas de fogo, sendo uma calibre 12 e um revólver calibre 38;
Dárik foi atingido na perna e na cintura;
O menino e as colegas chegaram a entrar na casa de uma delas para se proteger, mas ele já tinha sido atingido;
De acordo com parentes de Dárik, havia duas viaturas da PM na perseguição, mas nenhuma delas parou para socorrê-lo;
Segundo a PM, o menino foi socorrido por outra equipe da PM e levado para a Policlínica do Ibura, na Zona Sul, chegou a receber primeiros socorros, mas morreu;
Uma testemunha disse que Dárik foi levado na mala da viatura, e não na frente do carro;
Procurada pelo g1, a PM informou que “agiu com prontidão” ao encontrar Dárik gravemente ferido. No entanto, não respondeu por que ele foi levado na mala da viatura.
VÍDEOS: mais vistos de Pernambuco nos últimos 7 dias
Adicionar aos favoritos o Link permanente.