
Taxa média do consignado ao setor privado teve pequeno aumento em março, somando 3,02% ao mês, contra 2,90% ao mês em fevereiro de 2025. Juro ficou acima do cobrado de servidores públicos e de aposentados e pensionistas do INSS. Novo consignado ao setor privado com garantia do FGTS começou em março deste ano
Natalia Filippin/G1
O governo liberou em 21 de março a plataforma para os trabalhadores do setor privado, celetistas, buscarem empréstimo consignado (com desconto em folha de pagamento) utilizando parte dos recursos do FGTS como garantia.
Patamar das taxas em março
O Banco Central divulgou nesta quarta-feira as taxas médias de juros nas linhas de crédito para pessoas físicas relativas ao mês de março, ou seja, o primeiro do novo consignado ao setor privado entrar em vigor.
A taxa média do consignado ao setor privado teve pequeno aumento em março, somando 3,02% ao mês, contra 2,90% ao mês em fevereiro de 2025.
O juro do consignado ao setor privado, que atingiu o maior patamar desde novembro de 2022 (3,11% ao mês), ficou acima do cobrado de servidores públicos e de aposentados e pensionistas do INSS.
O g1 entrou em contato com o Ministério do Trabalho e com o Ministério da Fazenda em duas oportunidades durante o mês de abril e questionou sobre a taxa média somente das novas operações do consignado, com garantia do FGTS. Mas não obteve resposta sobre qual o patamar da taxa.
Veja abaixo os juros de fevereiro:
Sem teto no consignado ao setor privado
Até o momento, não há teto nos juros da nova linha de crédito do consignado ao setor privado. As taxas cobradas são definidas livremente pelas instituições financeiras com base no perfil de cada cliente.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) tem defendido que não é necessário fixar um teto para os juros, pois as taxas cobradas, segundo a entidade, serão mais baixas com a garantia dos recursos do FGTS.
No lançamento da nova modalidade de crédito, em cerimônia no Palácio do Planalto na semana passada, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirmou que, caso seja “observado que o sistema financeiro esteja abusando, o governo poderá estabelecer teto de juros no futuro”.
Em março, o governo publicou um decreto do presidente Lula que determinando que o Comitê Gestor das Operações de Crédito Consignado será responsável por definir os parâmetros, termos e condições do contrato para empréstimos garantidos com recursos do FGTS.
Com isso, o governo abriu a porta para que seja criado, no futuro, um teto de juros na nova modalidade de crédito – caso julgue ser necessário.
Empréstimos liberados
O último balanço do Ministério do Trabalho, divulgado na última sexta-feira (4), aponta que foram emprestados quase R$ 9 bilhões em pouco mais de um mês para os trabalhadores com carteira assinada do setor privado por meio da nova linha de crédito com garantia do FGTS.
O valor ainda segue distante da estimativa de que podem ser liberados mais de R$ 100 bilhões em três meses, mas está dentro das expectativas iniciais tanto do governo quanto da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) que a linha de crédito vai ganhar força com o passar do tempo.
“A largada do banco é diferente da nossa largada [em 21 de março]. Largada do banco é 25 de abril. O maior número de ingressos de crédito vai ser a partir de 25 de abril, pois os bancos vão insistir, vão atuar agressivamente para fazer essa migração dos créditos mais caros, com maior juro, para a o consignado do setor privado”, avaliou o secretário-executivo do Ministério do Trabalho, Francisco Macena, ao g1.
Disponível desde 21 de março pela carteira de trabalho digital, o crédito também estará disponível pelos canais eletrônicos dos bancos a partir de 25 de abril.
Também a partir de 25 de abril, será possível fazer a “migração” (troca) de uma linha de crédito mais cara, como o CDC, por exemplo, para o consignado com garantia do FGTS.
O trabalhador que desejar fazer a migração para deverá se manifestar via Carteira de Trabalho Digital ou pelos canais de atendimento do seu banco.
De acordo com Macena, do Ministério do Trabalho, os bancos informaram que vão trabalhar para “migrar” cerca de R$ 85 bilhões dos R$ 320 bilhões de empréstimos existentes na linha conhecida como CDC (crédito direto ao consumidor).
A Febraban, que representa os bancos, partilha da mesma avaliação do Ministério do Trabalho de que os primeiros dias da nova modalidade de crédito seriam mais modestos, mas estima que, com o passar do tempo (à medida em que os processos forem sendo modernizados e exista maior conhecimento dos trabalhadores) o produto atinja “níveis normais de desempenho”.
“Por se tratar de uma modalidade que tem muitas novidades em relação a processos operacionais, além de um número grande de empresas e trabalhadores que precisam entender melhor como funciona o produto, prevemos que os primeiros dias de operação serão mais modestos, em função de adequação de processos e sistemas, mas confiamos que tudo está sendo feito para endereçar o pleno funcionamento da plataforma”, avaliou a Febraban, em março.