Itamaraty confirma que só soube da saída de asilados venezuelanos em embaixada após eles deixarem o local

Itamaraty confirma que só soube da saída de asilados venezuelanos de embaixada após eles deixarem o local. O Ministério das Relações Exteriores informou nesta quarta-feira (7) que só soube da operação do governo dos Estados Unidos para retirar opositores de Nicolás Maduro da embaixada da Argentina em Caracas (Venezuela) após a saída deles.
“O governo brasileiro tomou conhecimento, na noite de ontem, da saída dos venezuelanos que se encontravam asilados na residência da embaixada da Argentina em Caracas, desde março do ano passado”, afirmou o Itamaraty.
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A nota do Itamaraty foi divulgada um dia após o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, ter informado que opositores de Nicolás Maduro que estavam abrigados na embaixada da Argentina em Caracas haviam sido resgatados e levados aos EUA em uma operação que teve a participação do governo americano.
A embaixada argentina em Caracas está sob custódia do Brasil desde que o governo do presidente argentino Javier Milei — a exemplo de outros países, organismos multilaterais e líderes internacionais — não reconheceu a vitória de Nicolás Maduro nas eleições do ano passado, e a Venezuela acabou expulsando os diplomatas argentinos de Caracas.
Mais cedo, o g1 e a Globonews já haviam informado que o governo Lula não tinha conhecimento da preparação dessa operação conduzida pelo governo americano e ainda buscava apurar o episódio para entender o que havia acontecido em razão de diferentes versões acerca do tema.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, desde agosto do ano passado o Brasil vinha respondendo pela integridade física dos asilados venezuelanos que se encontravam na embaixada argentina.
Diante disso, afirma o Itamaraty, o Brasil fez “gestões cotidianas” junto ao governo venezuelano para que necessidades consideradas “básicas” desses cidadãos fossem garantidas.
E, com base na Convenção sobre Asilo Diplomático de 1954, promulgada pelo Brasil em 1957, o Brasil buscou por vias diplomáticas “solucionar a situação na residência”.
“O Brasil gestionou inúmeras vezes, no mais alto nível, para que fossem concedidos os salvo-condutos necessários e ofereceu transportar os asilados por via aérea, de modo a solucionar diplomaticamente a crise”, afirmou o Itamaraty.
“As reiteradas gestões não foram atendidas, o que prolongou a difícil situação humanitária na residência da embaixada argentina em Caracas, que se encontrava cercada por forças de segurança. O anúncio da saída põe fim a esse episódio e ao drama vivido pelos asilados durante mais de 400 dias”, acrescentou o governo brasileiro.
Lula e Maduro
Até então aliados, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Nicolás Maduro estão distantes politicamente, assim como estão distantes as relações diplomáticas entre os dois países.
Lula, a exemplo de outros líderes internacionais, cobrou – e Maduro reagiu criticando o Brasil – a divulgação das chamadas atas eleitorais, que poderiam mostrar o resultado das eleições presidenciais venezuelanas de 2024.
O Brasil não reconheceu formalmente a vitória de Maduro nem da oposição. O entendimento na diplomacia é que, diante da polêmica sobre as atas, o Brasil deve reconhecer o Estado venezuelano, não um governo em si.
O Conselho Nacional Eleitoral, equivalente ao Tribunal Superior Eleitoral, alinhado ao atual regime, afirma que Maduro venceu o opositor Edmundo Gonzáles. A Suprema Corte venezuelana também afirma que Maduro venceu e proibiu a divulgação das atas.
Segundo o governo Maduro, as atas, embora não divulgadas, mostram que ele venceu. A oposição, por outro lado, afirma que, se divulgadas, essas atas comprovariam a vitória de González.
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