Ana Castela reitera a essência pop e o orgulho da roça ao misturar sertanejo com country no álbum ‘Let’s go rodeo’


Cantora amarra bem o conceito do repertório, mas o disco soa repetitivo ao longo dos 25 minutos. Ana Castela alinha nove músicas no primeiro álbum de estúdio, ‘Let’s go rodeo’
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♫ OPINIÃO SOBRE DISCO
Título: Let’s go rodeo
Artista: Ana Castela
Cotação: ★ ★ ★ 1/2
♬ Em 1997, ao debutar na gravadora então denominada PolyGram, a cantora e compositora Roberta Miranda teve a imagem e o som remodelados no álbum Vida. A inspiração foi o country pop da cantora canadense Shania Twain, então no topo das paradas dos Estados Unidos. A estratégia resultou equivocada porque o toque pop do álbum Vida pareceu trair a essência sertaneja da artista paraibana, precursora na arte da composição escrita sob prisma feminino no universo sertanejo.
Decorridos 28 anos, a sucessora Ana Castela dá guinada pop country no primeiro álbum de estúdio, Let’s go rodeo, lançado em 29 de maio com nove músicas cantadas em português, ao contrário do que faz supor o título em inglês.
Dessa vez, a estranheza é bem menor porque a pegada de músicas como Olha onde eu tô (Mateus Felix, Léo Souzza, Ana Castela, Ender Tomas, Ibere Fortes, Roolfo Alessi e Atony Alberto Guajardo) – declaração feministas de amor ao rodeio – já se afina com a essência pop do som dessa artista sul mato-grossense que pipocou em 2021 já sob a égide da fusão do universo sertanejo com gêneros contemporâneos como funk, reggaeton e dance music.
Em Let’s go rodeo, álbum que harmoniza ecos do som de Taylor Swift e das sofridas modas sertanejas, a peoa não se segurou e convocou o DJ e produtor norte-americano Diplo – que já colaborou com cantoras brasileiras como Anitta e Pabllo Vittar – para turbinar o som dos rodeios com a batida eletrônica que rege Tropa do chapelão (Ana Castela, Diplo, Mateus Félix, Leo Souzza, Rodolfo Alessi, Pedro Breder e Carolina Marcilio), faixa alien do álbum.
Mesmo sem Diplo, a boiadeira pop segue na toada country em músicas como Se amando nas BR (Ana Castela, Mateus Félix, Leo Souzza, Rodolfo Alessi, Pedro Breder e Carolina Marcilio), faixa produzida por Eduardo Godoy.
Leia a opinião de Carol Prado sobre o disco: ‘Ana Castela lança álbum country… mas será que precisamos de um?’
Coube a Godoy – principal produtor musical do disco – dar forma a músicas como a balada Rodeio no Texas (Ana Castela, Mateus Félix e Leo Souzza), faixa que sedimenta a impressão (certeira) de que o álbum está confinado no universo particular dos cowboys e cowgirls – o que pode limitar o alcance popular de Let’s go rodeo, ainda que o disco também esteja entranhado em sentimento sertanejo.
Na sedutora balada country Não precisa ser cowboy (Ana Castela, Mateus Félix, Leo Souzza e Rapha Soares), a cantora parece reconhecer que vive em mundo próprio ao ser dirigir a um boy de outro estilo. Roçando a melancolia, a balada Pra quem você ligou (Mateus Félix, Normani Pellegrini e Leo Souzza) remói sofrência típica do universo sertanejo.
Essa sofrência caipira também pauta Saudade é saudade (Mateus Félix, Leo Souzza, Rodolfo Alessi e Rapha Soares), som da roça, bem sertanejo, mas temperado com o toque country do álbum e com a dor do amor, tema universal que desconhece fronteiras e abarca todos os gêneros.
A questão é que, à medida que avançam músicas como As cowgirl (Mateus Félix, Leo Souzza, Rodolfo Alessi e Luan Pereira), faixa de refrão atraente, o álbum vai ficando repetitivo por gravitar em torno de uma mesma temática, ainda que sob prismas ligeiramente distintos. E essa sensação é sintomática em álbum que dura somente 25 minutos…
Faixa de moldura sertaneja mais clássica, Tô voltando (Mateus Félix, Normani Pelegrini, Rodolfo Alessi, Rapha Soares e Renato Campero) arremata o álbum Let’s go rodeo com outra declaração de amor ao rodeio, amarrando o conceito de disco em que Ana Castela reafirma o orgulho da origem roceira ao mesmo tempo em que continua aberta para os ritmos do universo pop.
Capa do álbum ‘Let’s go rodeo’, de Ana Castela
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