Gleisi liga para Haddad e líderes do Congresso para iniciar articulação

A ligação foi interpretada por aliados de Gleisi como um gesto para pacificar a relação com Haddad. A presidente do PT é uma das principais críticas da política econômica do governo. Logo após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva definir Gleisi Hoffmann na Secretaria de Relações Institucionais (SRI), a futura ministra fez uma série de telefonemas para ministros do governo e líderes no Congresso. Um dos telefonemas foi para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que era contrário à escolha da petista para a articulação política.
A ligação foi interpretada por aliados de Gleisi como um gesto para pacificar a relação com Haddad. A presidente do PT é uma das principais críticas da política econômica do governo e já protagonizou embates com Haddad em vários momentos da história do partido.
Lula convidou Gleisi para ser ministra durante uma reunião na manhã desta sexta-feira (28) no Palácio do Planalto. O encontro ocorreu por volta de 10h e não estava na agenda oficial do presidente. Pouco depois de 13h, a Secom (Secretaria de Comunicação Social do governo) divulgou uma nota curta para informar a escolha de Gleisi.
Assim que a nota foi divulgada, Gleisi já começou a fazer as ligações para os ministros e líderes. Às 15h, ela embarcou com Lula e outras autoridades rumo a Montevidéu para acompanhar a posse do presidente uruguaio, Yamandú Orsi.
Gleisi já vinha sendo apontada por ministros e auxiliares de Lula como favorita para assumir o posto, mas não havia qualquer expectativa de anúncio nesta sexta-feira, véspera de Carnaval. A decisão de Lula contraria a expectativa de líderes do centrão, que defendiam a escolha de alguém do grupo para a articulação política.
No Congresso e mesmo em setores do PT, o diagnóstico é que a relação do governo com outros partidos tende a piorar.
Segundo fontes no Palácio e no PT, o principal fator para a indicação de Gleisi foi a confiança plena que Lula tem na deputada. Gleisi presidiu o PT no momento mais difícil da história do partido, quando Lula esteve preso. Internamente, foi quem bancou a tese de que o PT deveria ter como centro de sua tática política a defesa intransigente da liberdade de Lula.
Aliados de Gleisi contestam a versão de que a parlamentar é radical e intransigente. Destacam, por exemplo, o papel de articuladora que ela cumpriu em 2022, quando foi coordenadora da campanha vitoriosa de Lula. Outro argumento é a boa relação que ela construiu com líderes de outros partidos e com o presidente da Câmara, o deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB).
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