O alerta de Scarlett Johansson sobre uso de IA após polêmica de vídeo deepfake contra Kanye West


Um vídeo deepfake supostamente mostrou celebridades judias, incluindo Johansson, protestando contra Kanye West. Scarlett Johansson é uma das celebridades que aparece em vídeo deepfake gerado por inteligência artificial
Getty Images via BBC
A atriz Scarlett Johansson fez um alerta sobre o “uso indevido de inteligência artificial” após um vídeo deepfake que supostamente mostrava ela e outras celebridades judias enviando uma mensagem de protesto a Kanye West.
Deepfake são imagens em que se usa computação gráfica e inteligência artificial para falsificar o rosto de uma pessoa no corpo de outra.
Nesta semana, Kanye West fez uma série de postagens antissemitas na plataforma X e vendeu camisetas com suásticas em seu site, que foi divulgado na Califórnia em horário nobre na televisão, durante o Super Bowl do futebol americano.
As manifestações de Kanye West provocaram revolta entre muitos, e começou a circular na internet um vídeo falso — criado com inteligência artificial — em que Johansson e outras estrelas judias, incluindo David Schwimmer, Woody Allen, Jerry Seinfeld, Paul Simon e Art Garfunkel aparecem vestindo uma camiseta branca mostrando a Estrela de Davi em uma mão fazendo uma saudação com o dedo médio, acima da palavra “Kanye”.
A atriz americana disse que, embora não tivesse tolerância com “discurso de ódio”, ela estava preocupada com a ameaça da IA ​​nos fazer “correr o risco de perder o controle da realidade”.
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‘Discurso de ódio multiplicado com IA’
Em uma declaração à revista People, a atriz disse: “Parentes e amigos me chamaram atenção que um vídeo gerado por IA com minha imagem, em resposta a uma visão antissemita, está circulando online e ganhando força”.
“Sou uma mulher judia que não tolera antissemitismo ou discurso de ódio de qualquer tipo”, afirmou.
“Mas também acredito firmemente que o potencial de discurso de ódio multiplicado pela IA é uma ameaça muito maior do que qualquer pessoa que assuma a responsabilidade por isso.”
Ela acrescentou: “Devemos denunciar o uso indevido da IA, não importa sua mensagem, ou corremos o risco de perder o controle da realidade.”
O vídeo também traz imagens deepfake de Steven Spielberg, Adam Sandler, Sacha Baron Cohen e Natalie Portman.
O vídeo traz o slogan: “Basta. Junte-se à luta contra o antissemitismo.”
Kanye West (com sua esposa, Bianca Censori) fez declarações antissemitas no X e vendeu camisetas com suásticas em sua loja online
Getty Images via BBC
West, que mudou seu nome para Ye, vem se declarando nazista. Ele elogiou Hitler no X no domingo (9/2), antes de dizer que fecharia sua conta.
Ele também apareceu em um anúncio durante o Super Bowl direcionando as pessoas para seu site, que começou a vender apenas um produto: camisetas com suásticas.
Na terça-feira (11/2), o site foi retirado do ar pela Shopify devido a violações de política.
Na quarta-feira, o CEO da Fox Television Stations, Jack Abernethy, condenou o anúncio em uma nota à equipe.
“O anúncio, que foi apresentado como um site legítimo de vestuário online antes e durante a transmissão do Super Bowl, foi trocado em algum momento depois, e completamente fora do controle de nossas estações, as pessoas que procuraram a loja por causa dos comerciais foram redirecionadas para o marketing de um produto totalmente terrível”, disse ele, em referência às camisas com suásticas, segundo a Variety.
O cantor Ty Dolla $ign, que colaborou com West em 2024 em seus mais recentes discos também se distanciou do rapper esta semana, mas não chegou a chamá-lo pelo nome.
“Eu não tolero nenhuma forma de discurso de ódio contra ninguém”, escreveu Ty Dolla $ign no Instagram.
Nicole Lampert, colunista do jornal judaico Jewish Chronicle, disse que “foi emocionante ver estrelas judias enfrentando Kanye West — se ao menos elas tivessem realmente feito isso”.
“Um vídeo viral da campanha, que acabou sendo gerado por IA, serve apenas para destacar o silêncio ensurdecedor da classe das celebridades.”
Uma agência reguladora do setor de publicidade do Reino Unido afirma que vídeos e fotos falsas com celebridades e figuras públicas são o tipo mais comum de anúncios fraudulentos que aparecem online.
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