No AP, autoridades debatem turismo em cidade modelo projetada na floresta Amazônica


Serra do Navio, no interior do Estado, foi tombada pelo Iphan em 2010. Evento ocorre nesta sexta-feira (21) na Unifap e conta também com a presença de moradores.  Acampamento no mirante da mina F12 em Serra do Navio
Wirley Almeida/Divulgação
Está ocorrendo nesta sexta-feira (21) na Universidade Federal do Amapá (Unifap) o fórum “Convergências para o Desenvolvimento Sustentável de Serra do Navio: Preservando o Patrimônio Cultural e Natural”. A ideia é debater o potencial turístico da cidade modelo criada na floresta Amazônica, na década de 50. 
Participam do evento professores da Unifap, profissionais do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), representantes da gestão municipal e estadual, e moradores da região. O evento é baseado no estudo realizado por meio do Termo de Execução Descentralizada (Ted), do Iphan. 
🔍A cidade foi tombada pelo órgão como patrimônio histórico em abril de 2010. 
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Turismo em Serra do Navio 
Entre 1957 e 1959, a cidade foi projetada para abrigar os funcionários e seus familiares que trabalhavam em toda a cadeia de exploração de minério, mas na década de 90, a Indústria e Comércio de Minérios S.A (Icomi) deixou a região, encerrando suas atividades no Estado. 
Como herança, a empresa deixou todo o cenário da exploração mineral para trás, como casas, maquinários e minas, local de onde foi retirado o minério. Todo esse material é visto por autoridades e moradores como potencial turístico. 
Minério estocado na região após a exploração
Fabiana Figueiredo/Arquivo g1
A região, que passou a ser chamada de “cidade fantasma”, de acordo com a prefeitura, hoje recebe cerca de 100 turistas por semana. 
“Serra de Navio é uma cidade histórica, então hoje a gente precisa preservar. É muito importante a gente saber que estamos sendo vistos, em torno de 100 turistas visitam Serra durante o fim de semana e nosso objetivo é desenvolver o município a partir disso”, afirmou a prefeita Paulinha Santos. 
A ideia é explorar os diferentes setores de Serra do Navio. Para os moradores, o debate é visto de forma positiva. Esse é o caso de Diana Soares, ela vive há 40 anos na cidade. 
“Esse fórum é um momento ideal para a gente buscar ações para o município. O turismo tem crescido nos últimos anos e percebemos que estamos alcançando mais público para as nossas lagoas e mirantes. Eu tenho visto esse crescimento e junto disso estão os nossos empreendedores, tanto os comerciantes, quanto a hotelaria e outros setores”, disse Diana. 
Diana Soares, moradora há 40 anos de Serra do Navio
Mariana Ferreira/g1
Assista à matéria abaixo e conheça mais da Mina F12, um dos principais pontos turístico de Serra do Navio:
Mirante da Mina F12: passeio que virou febre em Serra do Navio movimenta o turismo
Michel Flores, superintendente do Iphan, destaca que o tombamento da cidade influencia em diferentes fatores, um deles está associado ao turismo agregado com a identidade cultural.
Segundo Flores, a partir do tombamento de um espaço há um ponto turístico de interesse, já que o fato desperta a curiosidade das pessoas sobre o local. 
Em Serra do Navio, uma dessas características apontadas pelo Iphan é que a região guarda um registro importante da história do Brasil [exploração de minério], além de ter sido uma cidade pensada para o clima tropical amazônico. 
“Serra do Navio tem essa importância histórica no contexto de formação da sociedade brasileira e especialmente para a sociedade do Amapá. Ela representa a vinda desses projetos inovadores de exploração mineral. A gente tem turistas estrangeiros que vêm estudar essa arquitetura da cidade, nós temos a questão da identidade cultural, então os serranos se reconhecem como patrimônio cultural, isso tudo faz parte da identidade deles”, detalhou Michel Flores. 
Preservação do patrimônio 
Entre as ações realizadas após o tombamento está a regularização fundiária. A prefeita de Serra destaca que, até o fim de abril, mais 100 títulos de propriedade serão entregues à população.
“É muito importante essa regularização porque há muitos moradores antigos na região que não tinham um documento dizendo que a casa era deles, por isso, hoje estamos tratando sobre a entrega definitiva desses títulos e posteriormente vamos tratar da Vila comercial” afirmou a prefeita. 
A titulação é acompanhada por técnicos do Iphan. Segundo o órgão, a ideia é que estes moradores possam realizar restaurações nessas residências, mas preservando as características da época da criação da cidade. 
“O Iphan atua como intermediário na regularização fundiária. O nosso objetivo é que as casas sejam repassadas aos moradores para que eles tenham o título de propriedade e assim eles possam estar valorizando esse patrimônio. Vai ser a casa dele, que é um bem tombado e que vai poder estar realizando os cuidados necessários para a preservação. Por meio da Unifap, vamos prestar uma assessoria para que os moradores façam projetos de expansão, mas preservando os elementos originais da casa” disse o superintendente do Iphan. 
A previsão é que até o fim de abril esses títulos sejam entregues aos moradores de Serra do Navio. 
Cidade modelo 
Exposição do Iphan trás memórias da época da exploração de minério
Mariana Ferreira/g1
A vila de Serra do Navio é um conjunto urbano moderno construído no meio da floresta Amazônica pelo arquiteto Oswaldo Arthur Bratke. O município possui, atualmente, segundo Censo do IBGE, 5 mil habitantes. A vila fica a 200 km de distância da capital, Macapá. 
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