Com alta na frota de veículos elétricos e híbridos em Presidente Prudente, especialistas ressaltam cuidados para o carregamento


Município registrou o segundo caso de auto ignição de carro eletrificado no mundo. Carros elétricos e híbridos podem ser denominados como veículos eletrificados
Cedida/BYD
A venda de veículos elétricos e híbridos, que podem ser classificados como eletrificados, está crescendo no mercado nacional e a frota aumentou, aproximadamente, 105% se comparado dezembro de 2023 e janeiro de 2025, em Presidente Prudente (SP).
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Esse tipo de carro recebe essa classificação pois todos têm algum nível de eletrificação em seu sistema propulsor, que é responsável por movimentar o veículo.
Os preços podem começar em torno de R$ 120 mil, podendo chegar até R$ 500 mil. Isso se deve ao custo das baterias e da tecnologia embarcada.
De acordo com uma das três concessionárias entrevistadas pelo g1, são carros com capacidade de tração elétrica e que também regenera energia durante frenagens e desacelerações, em que a energia cinética dessas situações é transformada em elétrica, que volta para a bateria, contribuindo para uma maior eficiência energética.
Entretanto, mesmo com essa classificação, há uma diferença entre os veículos.
De acordo com o engenheiro eletricista Luís Eduardo Anitelli Artero:
o carro elétrico tem apenas um motor, que utiliza da eletricidade para funcionar, ao invés de combustíveis fósseis como gasolina, diesel ou etanol;
já o veículo híbrido é um automóvel que utiliza dois motores diferentes: um elétrico e outro a combustão, que permite a utilização de combustíveis. Isso resulta em um carro menos poluente e mais econômico.
Além disso, ele explica o funcionamento dos veículos.
“Geralmente, o carro hibrido, utiliza o sistema de frenagem para carregar as suas baterias, o que quer dizer que as baterias recarregam à medida que o carro freia. Diferente de um carro elétrico, que utiliza carregadores para regenerar suas baterias”, afirma ao g1.
Por isso, Artero justifica que é necessário ter cuidados específicos com carros elétricos para que não haja danos às baterias, uma vez que são recarregadas com carregadores externos.
“Qualquer impacto no suporte das baterias, pode ocasionar algum dano grave ao sistema elétrico do veículo”, ressalta o engenheiro.
Carros elétricos e híbridos podem ser denominados como veículos eletrificados
Cedida/Volvo
Números em Presidente Prudente
Frota de veículos em Presidente Prudente (SP)
O número da frota de veículos eletrificados aumentou, em Presidente Prudente, mais de 98% se comparado o período de dezembro de 2023 com dezembro de 2024.
Frota de veículos elétricos e híbridos em Presidente Prudente (SP)
Diferença entre eletrificados e carros convencionais
De acordo com uma outra concessionária entrevistada pelo g1, em ambos os carros, a bateria fica na parte debaixo do veículo, “o que ajuda a alterar o centro de gravidade, deixando o carro mais estável, fundamental para a segurança e dirigibilidade”.
Ainda conforme a montadora, a vida útil dos veículos é um dos “principais fatores a favor dos modelos elétricos”.
“Enquanto um motor à combustão é programado para durar cerca de 200 mil km, e está suscetível à utilização de combustível e aditivos adulterados, o veículo elétrico possui suas baterias e motores com vida útil superior a do próprio veículo. Sem contar que não existe possibilidade de adulteração de eletricidade”, pontua.
Carros elétricos e híbridos podem ser denominados como veículos eletrificados
Cedida/BYD
Já outra concessionáriaexplica que “o motor de um carro elétrico é muito mais simples que o de um veículo convencional, pois não possui partes móveis complexas como o motor a combustão (exemplo: pistões e válvulas)”.
A distribuidora também detalha a diferença entre os veículos elétricos, híbridos, a gás (GNV) e convencional (movido a etanol, gasolina e diesel):
elétrico: funciona exclusivamente com energia elétrica, sem emissões diretas de poluentes. Recarregado através de pontos de recarga;
híbrido: combina motor a combustão e motor elétrico. Possui emissões menores e maior economia de combustível que os carros convencionais;
a gás (GNV): usa gás natural como combustível. Emite menos poluentes que veículos a gasolina ou diesel, mas ainda assim há emissões de gases; e
convencional: movido por combustíveis fósseis (gasolina, etanol ou diesel), com altas emissões de gás carbono (CO2) e outros poluentes.
Alguns carregadores funcionam como fonte prática de alimentação para diversos equipamentos eletroeletrônico externos
GWM
Redução na emissão de gases poluentes
Conforme as fábricas entrevistadas, esse tipo de automóvel tem como “maior diferencial a emissão zero de gases poluentes e de ruídos”, trazendo dois importantes benefícios para o meio ambiente:
em relação ao uso, com a suavidade de rodagem também se destaca, assim como as acelerações vigorosas, pois o motor elétrico tem a capacidade de entregar toda sua força de modo instantâneo; e
financeiro, pois mesmo abastecendo em pontos de recarga pagos, o custo por quilômetro rodado de um veículo elétrico é muito menor que o de modelos equivalentes com motor a combustão.
Uma das concessionárias também pontua que o automóvel pode funcionar como um powerbank.
Ou seja, “em uma situação de emergência, como em um apagão, ou em um momento de lazer, a energia da bateria do veículo pode alimentar aparelhos externos elétricos, com o uso de um cabo específico para essa função”.
“Hoje, a tecnologia do carro elétrico, permite uma redução no custo com a locomoção de um veículo em relação ao carro à combustão. Porém, vale ressaltar que o processo de produção desses veículos também é poluente, pois utiliza de matérias não sustentáveis, como as próprias baterias”, destaca Artero ao g1.
Para o carregamento, pode ser utilizado um carregador portátil ou do tipo wallbox
Cedida/BYD
Recarga
Segundo uma das fabricantes, caso o cliente queira fazer a instalação de equipamentos de carregamento na sua residência, é necessário procurar uma empresa especializada para que todo o sistema elétrico seja adequado para aquele equipamento.
Além disso, ainda há a possibilidade de recarregar o veículo em eletropostos urbanos que estão localizados em pontos da cidade, sendo a recarga gratuita.
Eletroposto de carros eletrificados , em Presidente Prudente (SP)
Cedida/Volvo
A empresa recomenda que o proprietário recarregue o automóvel após chegar a carga da bateria chegar a 20%, que seria o equivalente à reserva em um carro a combustão, para que não aconteçam danos irreversíveis à longo prazo.
O carregamento é semelhante ao de um celular, bastando apenas conectar a um cabo.
Segundo o engenheiro elétrico, os carregadores de um carro elétrico estão sendo muito procurados.
“Há diversos modelos no mercado e todos têm o mesmo princípio de funcionamento. O recomendável sempre será o carregador que a fabricante do veículo orientar, segundo o dimensionamento do próprio veículo. Ou seja, é necessário se informar com o vendedor do veículo sobre qual seria o modelo correto a ser utilizado”, pontua.
Modelo de carregador de carros eletrificados
Cedida/BYD
Além disso, ele destaca que não pode ser utilizado qualquer fio, sendo necessário, antes da instalação, que algum profissional em eletrotécnica seja consultado, pois o carregador demanda uma carga específica e não é qualquer fio que suporta.
“O carregador de um carro elétrico funciona com o mesmo princípio que um carregador de celular convencional. A energia que vem da rede é de corrente alternada, dentro da fonte do carregador, essa energia é passada para uma corrente contínua, tanto para carga quanto para descarga”, explica Artero sobre o funcionamento ao g1.
Ele também ressalta que não é todo tipo de tomada que pode ser utilizada, tendo em vista que não são tomadas convencionais.
“É necessário que o técnico contratado utilize as chamadas Tomadas de Uso Específico (TUE). Ou até mesmo, o próprio técnico montar um ponto de conexão especialmente para o carregador, utilizando de um barramento é um sistema de segurança, com DR e DPS para que não haja fuga de energia em nem surtos (descargas atmosféricas)”, afirma.
Um dos tipos ideais de carregadores é o modelo wallbox
GWM
Para o carregamento, pode ser utilizado um carregador portátil, que já acompanha os veículos elétricos, em uma tomada comum ou instalar um carregador do tipo wallbox em casa.
Para essa instalação, uma das fabricantes explicou que a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) elaborou as normas NBR 5410 (para instalações de baixa tensão) e NBR 17019 (instalação de carregadores de veículos elétricos), com requisitos técnicos e de segurança a serem seguidos nas instalações de carregadores.
As voltagens dos carregadores podem variar:
Carregadores domésticos (nível 1): 110V ou 220V.
Carregadores rápidos (níveis 2 e 3): Variam entre 220V a 480V, dependendo da infraestrutura e tipo de carregador.
Carros eletrificados podem ser carregados na chuva
Cedida/Volvo
Recomendações
Uma das fabricantes também listou pontos necessários para se ter atenção ao carregar um veículo eletrificado.
Carregar na chuva: podem ser carregados normalmente enquanto chove, tendo alguns cuidados como a impermeabilização da cabeça do carregador do carro elétrico e a tomada utilizada. E, se mesmo assim ocorrer algum risco ou comprometimento na bateria causado pela água, ocorre a interrupção na ligação entre bateria e motor. Logo, não há risco para o condutor.
Vício da bateria: as baterias podem reduzir sua retenção de energia para algo estimado entre 70% e 80% após o período de 10 a 15 anos, equivalentes a 246 a 300 mil quilômetros rodados ou 1.500 ciclos completos de recarga.
“Lembrando que, ainda que seja possível realizar o carregamento enquanto chove, não é recomendado carregar o veículo durante a ocorrência de raios”, ressalta ao g1.
Modelo de carregador de carros eletrificados
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Instalação de pontos de recarga
Além de contratar um técnico para a instalação do carregador, Artero ressalta que também é necessário consultar a concessionária de energia local para saber se há necessidade de homologar um projeto elétrico para conexão do carregador.
Ao g1, a Energisa Sul-Sudeste, concessionária responsável pela distribuição de energia em Presidente Prudente, explica que todos os cliente, inclusive estabelecimentos comerciais e indústrias, precisam fazer a declaração de carga sempre que tiver alguma alteração. Basta entrar em contato com a empresa para informar a lista de equipamentos.
“Estamos falando da declaração de carga, que consiste em informar para a Energisa a lista de equipamentos eletroeletrônicos que tem em casa. Essas informações são importantes para que a distribuidora possa dimensionar a rede elétrica de acordo com a demanda energética do cliente e dos imóveis atendidos nas proximidades”, explica o gerente de Construção e Manutenção, Alessandro Gomes.
A concessionária também ressalta que a declaração de carga não incide em nenhum custo adicional para o cliente, porque a conta de energia está diretamente ligada ao consumo dos equipamentos, ou seja, ao tempo de uso dos equipamentos e não a quantidade disponível no imóvel.
Nesses casos, quando a demanda calculada não corresponde à necessidade do imóvel, pode gerar impactos na qualidade da energia, provocando situações de sobrecarga, oscilações ou quedas de energia.
Carros elétricos e híbridos podem ser denominados como veículos eletrificados
Cedida/BYD
Segundo uma das fabricantes ao g1, ao cumprir os requisitos legais de instalação e uso, o risco de causar instabilidade ou problemas no sistema elétrico local é praticamente nulo.
Ela ainda ressalta que um carregador wallbox utiliza até 11kW, pouco mais que um chuveiro residencial que pode consumir até 7,8kW.
Artero também recomenda que é preciso separar um espaço somente para o carregador, para que não haja nenhum obstáculo na hora do carregamento.
“Na parte do sistema elétrico, caso o técnico julgue necessário, tem de ser feita toda adequação como troca de fiação, instalação de disjuntores, DR e DPS que são dispositivos que previnem qualquer tipo de acidente. E sempre consultar o fabricante antes da compra do carregador, para verificar se o veículo irá suportar”, explica.
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Carro híbrido pega fogo enquanto carregava em garagem de casa em condomínio de luxo, em Presidente Prudente
Carros elétricos e híbridos podem ser denominados como veículos eletrificados
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Caso de incêndio
De acordo com o Corpo de Bombeiros, no dia 26 de fevereiro, o estado de São Paulo registrou a primeira ocorrência de um carro híbrido que pegou fogo enquanto carregava na garagem de uma residência, em um condomínio de luxo, em Presidente Prudente.
Segundo a corporação, essa também foi a primeira ocorrência registrada no Brasil e a segunda no mundo. Antes disso, o único caso de auto ignição foi nos Estados Unidos.
Ao g1, Artero explica que problemas em carros elétricos são incomuns em relação aos carros a combustão.
“Por mais difícil que seja, as falhas nas baterias podem ocasionar incêndio e acidentes como colisões, carregamento incorreto esistema interno com defeito em suas conexões, entre outros”, explica.
No entanto, pode haver alguns imprevistos, como não encontrar carregadores no trajeto de sua viagem ou dia a dia do trabalho e mão de obra especializada para manutenção, dentre outros problemas.
Já sobre problemas mecânicos, o engenheiro pontua que, em tese, seria semelhante ao carro a combustão, assim como as manutenções preventivas.
Carros elétricos e híbridos podem ser denominados como veículos eletrificados
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Artero também detalha que diversos motivos podem fazer com que o sistema entre em curto-circuito, seja uma descarga atmosférica, um raio, em um sistema sem proteção ou dimensionamento incorreto do sistema principal de alimentação do carregador ou do próprio veículo.
“E sim, pode ser que o próprio veículo venha com algum defeito de fábrica dentro do seu próprio sistema, porém, diversos testes são realizados para que isso não ocorra, tornando a possibilidade deste item sendo quase zero”, ressalta ao g1.
Além disso, ele explica que pode ocorrer um problema que danificará a tomada, caso haja um mal dimensionamento do sistema.
“É chamado de subdimensionamento do sistema, quando utiliza materiais com capacidades inferiores do exigido na ocasião. Porém, hoje, com os dispositivos de segurança como disjuntores, DPS e DR, é muito pequena a chance de que algo de errado possa acontecer”, destaca ao g1.
“As normas de montagem de uma rede elétrica residencial ou comercial, exigem que haja a utilização desses itens para que não ocorra problemas de curto-circuito ou fuga de energia que podem ocasionar choques elétricos ou até mesmo incêndios”, completa.
Ele também orienta que o consumidor deve tirar todas as dúvidas antes de efetuar a compra.
“Se possível, contate alguém do ramo para lhe orientar. Entenda que seu veículo não é a combustão, então. não é qualquer um que pode mexer no veículo e sim alguém que entenda. E, caso invista em um veículo elétrico, não se preocupe em gastar quando o assunto for segurança do veículo, sua e de toda a sua família”, finaliza ao g1.
Carros elétricos e híbridos podem ser denominados como veículos eletrificados
Cedida/BYD
Medidas de segurança
A Energisa também pontua que, além do aquecimento e do cheiro de queimado nos interruptores e tomadas, há outras situações que podem ser um sinal de que sua instalação elétrica precisa de manutenção:
as chamadas “quedas dos disjuntores” são os primeiros sinais de sobrecarga de energia. Se eles estão caindo com frequência, tem algo errado na sua instalação;
fique atento se há redução da luminosidade quando liga um equipamento de grande potência como, por exemplo, um micro-ondas;
repare se lâmpadas e chuveiros estão queimando com frequência; e
instalações irregulares também podem causar o desligamento repentino dos equipamentos, mesmo quando não há situações de falta de energia.
Já o Corpo de Bombeiros, caso haja o incêndio em um veículo, orienta a:
considerando estação de carregamento elétrica caso, tenha o botão de emergência, aperte e isole o local. Caso não tenha o botão de emergência, apenas isole o local e ligue para o 193;
após a ignição, com o bombeiro no local, passe todas as informações sobre o veículo e também se teve algum problema nos dias anteriores, como alagamento, batida e buraco na via;
se o veículo já estiver em chamas, não acesse a fiação de carregamento em hipótese alguma;
caso esteja sentindo algum cheiro de queimado ou fumaça, retire da estação de carregamento;
não tente salvar objetos ou o veículo, apenas isole o local; e
não inale a fumaça do veículo.
Carros elétricos e híbridos podem ser denominados como veículos eletrificados
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