Escassez de trabalhadores atrasa obras e aumento os custos na construção civil


Pesquisa aponta que 82% das empresas da construção estão com dificuldade de contratar novos trabalhadores e 70% dos empresários relatam dificuldade para encontrar mão de obra qualificada. Falta mão de obra para construção civil e 21% das empresas estão atrasando a entrega das obras
Jornal Nacional
A falta de mão de obra qualificada na construção civil está provocando uma reação em cadeia: trabalhadores mais caros e empreendimentos também.
A habilidade com a madeira vem de 30 anos como carpinteiro.
“Eu amo essa profissão. Eu gosto de trabalhar e é minha sobrevivência. É o sustento que eu levo pra casa, pra minha família”, diz Francisco Pereira.
Mas ter um profissional como o Francisco é uma raridade hoje em dia na construção civil.
Uma pesquisa da Fundação Getulio Vargas aponta que 82% das empresas da construção estão com dificuldade de contratar novos trabalhadores.
“É muito normal faltar entre 20 e 30% de mão de obra em cada canteiro que a gente administra. Mão de obra é hoje o nosso grande gargalo”, afirma Sylvio Pinheiro, diretor da G+P Soluções.
Profissional com experiência então? Está mais difícil ainda de encontrar; 70% dos empresários dizem que não conseguem mão de obra qualificada.
“Eletricista, mestre de obra, pedreiros, a gente não tem mais encanadores, instaladores. Não tenho mais tão técnico como tinha antigamente”, enumera Sylvio.
E tudo o que está em falta custa mais caro – é a velha lei da oferta e da procura. Entre os itens que compõem o índice de inflação da construção civil, a mão de obra registrou a maior alta nos últimos 12 meses: 9,75%.
O custo de materiais, equipamentos e serviços também cresceu, mas em ritmo menor.
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No local onde está sendo erguido um prédio de 20 andares, 70 funcionários trabalham na obra, mas o ideal seriam mais de 100. A construtora teve dificuldade para contratar mão de obra e, com menos gente trabalhando, o prazo de entrega da obra foi estendido. E quanto maior a demora, maior também o custo de cada um desses apartamentos.
De acordo com a pesquisa, 21% das empresas estão atrasando a entrega das obras e 18% já estão revendo os preços.
“A economia está aquecida de uma forma geral. Ou seja, todos os setores estão demandando mão de obra. Supermercado, o comércio de uma maneira geral e a construção formal. Uma pessoa física quer fazer uma pequena reforma vai se deparar com essa situação, com a falta de mão de obra. Então é uma questão que também vai afetar quem deseja produzir suas pequenas obras, suas pequenas reformas, porque está faltando mão de obra de uma maneira geral”, ressalta Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos de Construção do FGV/Ibre.
A pequena obra na casa da Rebeca e do Fernando se arrasta há dois meses por causa de um vazamento do ar condicionado. Encontrar um profissional experiente não saiu barato e o fim da obra agora depende da agenda do pedreiro, que anda cheia.
“Os bons profissionais estão sendo muito demandados e você tem que esperar por ele para fazer uma boa obra e fazer uma vez só”, diz o arquieteto Fernando Santos.
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