Motorista que atropelou e matou adolescente de 17 anos em faixa exclusiva do BRT é exonerado do governo do RJ


Fernanda Vitória tinha 17 anos e morreu pouco depois de sair da escola. Ela foi atingida por um carro do Governo do RJ que trafegava irregularmente na faixa do BRT Transcarioca. Motorista vai responder por homicídio culposo — quando não há intenção de matar. O motorista do governo do estado que atropelou e matou uma estudante de 17 anos, na manhã dessa terça-feira (25), quando passava na faixa exclusiva do BRT, na Rua Cândido Benício, em Campinho, na Zona Norte do Rio, foi exonerado poucas horas após o incidente.
Em uma publicação extra do Diário Oficial, o estado publicou a demissão de Marco André Pinho Vargas, do cargo de comissão na Secretaria Estadual de Cultura.
Fernanda Vitória Cavalcante Alves, de 17 anos, foi atingida pelo carro do Governo do RJ que trafegava irregularmente na calha exclusiva do BRT Transcarioca e morreu na hora. O veículo estava a serviço da Secretaria Estadual de Cultura. O carro não tinha permissão para transitar na via.
O carro oficial ficou com marcas no capô e no para-brisas e parou alguns metros à frente do corpo da jovem.
Exoneração de Marco André foi publicada no Diário Oficial
Reprodução
Imagens de uma câmera de segurança mostram o veículo circulando pela pista exclusiva. Testemunhas contaram que Fernanda Vitória tinha acabado de sair da escola e, ao atravessar a rua, não viu a aproximação do veículo.
Segundo o artigo 184 do Código de Trânsito Brasileiro, transitar pela faixa de uso exclusivo, regulamentada aos veículos de transporte público coletivo, é infração gravíssima, com multa de R$ 300, sete pontos na carteira, além da apreensão e remoção do veículo.
As exceções, previstas em lei, ficam para veículos destinados a socorro de incêndio e salvamento, ou seja, bombeiros, os de polícia, os de fiscalização e operação de trânsito e ambulâncias.
Motorista responde por homicídio culposo
Adolescente de 17 anos morre após atropelamento na calha do BRT na Zona Oeste do Rio
Reprodução/MOBI- Rio
A 28ª DP (Campinho) investiga o caso.
Marco André foi ouvido na delegacia e liberado em seguida. O conteúdo do depoimento ainda não foi divulgado.
Mas aos policiais militares que chegaram ao local do acidente logo depois do atropelamento, ele disse que a vítima atravessou repentinamente no meio da pista. Ele contou que buzinou e tentou frear, mas não conseguiu parar o carro a tempo.
A delegacia informou ainda que realizou perícia, colheu depoimentos de testemunhas e que agentes ainda analisam câmeras de segurança para concluir a investigação.
Marco André era motorista comissionado da Secretária de Cultura do Estado.
A Secretaria de Educação lamentou a morte da aluna. Informou que está em contato com a equipe escolar para apurar o ocorrido e que disponibilizou assistentes sociais e psicólogos para prestar apoio à família e aos colegas.
A TV Globo perguntou ao Governo do RJ, responsável pelo veículo, se o motorista estava sozinho ou se havia alguma autoridade no carro, mas o Palácio Guanabara não respondeu.
Horas após o atropelamento, o governador lamentou a morte da estudante. Segundo a nota, Cláudio Castro determinou a exoneração do motorista, que vai responder por homicídio culposo — quando não há intenção de matar.
Ainda de acordo com o estado, a Secretaria de Cultura também está em contato com os familiares para prestar toda a assistência necessária.
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Mãe recebeu telefonema da diretora
Escola Estadual Professora Maria Terezinha de Carvalho Machado
Reprodução/TV Globo
A mãe da estudante foi acolhida na Escola Estadual Maria Terezinha Machado, onde a filha estudava.
“Eu recebi, estava no trabalho, a diretora me ligou. ‘Mãezinha você poderia vir aqui?’ Porque eu estava trabalhando. ‘Estamos precisando da senhora aqui porque a sua filha sofreu um acidente’. Depois ela me ligou de novo e falou: ‘mãezinha sua filha morreu’”, contou Daniele.
“Quando cheguei minha filha estava ali no chão, eu estou sem chão até agora. Eu me esforçava, tentava dar tudo que ela precisava, como eu vou viver sem a vozinha dela?”.
A mãe comentou que deveria haver uma viatura na escola.
“Era pra ter uma viatura na escola porque os adolescentes saem desesperados. E agora, o que a escola vai poder fazer?”
A escola decretou luto. As aulas só serão retomadas na quinta-feira (27).
“Eu só espero que a justiça seja feita”, disse a mãe.
O que diz o Governo do RJ
Nota do Governo do RJ: “O governador Cláudio Castro lamenta a morte da estudante atropelada por um carro oficial à serviço da Secretaria de Cultura e Economia Criativa e determinou a exoneração do motorista, que vai responder por homicídio culposo (quando não há intenção de matar).
A Secretaria de Cultura está em contato com os familiares da vítima para prestar toda a assistência necessária, incluindo acompanhamento psicológico.”
Nota da Secretaria de Cultura e Economia Criativa: “A Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro lamenta a morte da estudante e está à disposição dos familiares da jovem para prestar toda a assistência necessária. A pasta informa ainda que vai instaurar procedimento interno para apurar o caso, uma vez que o servidor estava em exercício de sua função.
O motorista permaneceu no local para prestar socorro à vítima e, posteriormente, se dirigiu à Delegacia de Polícia mais próxima (28ª DP – Campinho). A delegacia apura as circunstâncias do acidente.”
Nota da Secretaria de Educação: “A Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro lamenta profundamente o falecimento da aluna da Escola Estadual Professora Maria Terezinha de Carvalho Machado, vítima de um atropelamento na pista exclusiva do BRT, na manhã de hoje, na Rua Cândido Benício, na Praça Seca.
A Secretaria está em contato com a equipe escolar para apurar as circunstâncias do ocorrido e disponibilizou assistentes sociais e psicólogos para prestar apoio à família da aluna, aos colegas e à comunidade escolar neste momento de dor.
Nos solidarizamos com familiares, amigos e toda a escola, reforçando nosso compromisso com a segurança e o bem-estar dos nossos estudantes. Amanhã será feito um acolhimento pela equipe de psicólogos e assistentes sociais do projeto Edubem, da Secretaria de Educação.”
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