Agenda climática: projetos com foco nas comunidades tradicionais podem receber R$ 2,5 milhões do Fundo Brasil; confira edital


A Região Norte já recebeu 419 apoios em 18 anos de fundação, incluindo ações emergenciais para proteção de povos indígenas. Associação das Mulheres Wakoborun
Cleuniza Kaba Munduruku / Acervo Fundo Brasil
O Fundo Brasil de Direitos Humanos anunciou a destinação de R$ 2,5 milhões para apoiar 40 projetos voltados à justiça climática e à construção de uma transição energética justa e inclusiva. O foco são iniciativas de base lideradas por povos indígenas, comunidades tradicionais, quilombolas e trabalhadores urbanos e rurais. O apoio se dá em um momento decisivo para o futuro do planeta, com a COP 30 marcada para ocorrer em Belém, capital do Pará.
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Nos últimos 18 anos, o Fundo Brasil apoiou 224 projetos na região e atendeu 132 pedidos emergenciais direcionados à proteção da vida, da integridade e dos territórios de defensoras de direitos humanos e de povos originários e comunidades tradicionais da Amazônia. Além disso, 63 apoios emergenciais foram destinados a enfrentar os impactos da pandemia da Covid-19. Ao todo, foram 419 apoios na região , o que representa cerca de 20% de todo o investimento do Fundo Brasil desde sua fundação .
O novo conjunto edital Raízes e Labora: Fortalecendo Soluções de Povos Indígenas, Comunidades Tradicionais e Trabalhadores(as) rumo à Justiça Climática e à Transição Justa reforça o compromisso da fundação com as vozes e as soluções vindas dos territórios.
As doações, que variam de R$ 50 mil a R$ 100 mil para cada projeto, e com esse investimento, o Fundo Brasil reafirma sua escuta ativa aos territórios e aposta em quem constrói, na prática, caminhos para um futuro sustentável, justo e coletivo.
Entre as organizações que já recebem recursos do Fundo Brasil para incidir sobre a agenda climática global está a Escola de Formação Sindical Chico Mendes na Amazônia. Com sede em Manaus (AM) e atuando nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima. O projeto apoiado busca fortalecer a participação política dos trabalhadores e trabalhadoras da Amazônia, promovendo uma transição justa, o trabalho digno e o bem viver. As ações incluem cursos modulares e disciplinas locais em seis estados da região.
Outro exemplo é o apoio à Cúpula dos Povos. Com sede no Pará, a organização reúne povos indígenas, coletivos e movimentos sociais em ações preparatórias para a COP 30. A visa promover o debate sobre transição energética justa, planos de prevenção a eventos climáticos extremos, acesso à água e saneamento, combate ao racismo ambiental, reforma agrária e demarcação de terras indígenas.
Mudanças climáticas
Os impactos das mudanças climáticas afetam de forma mais intensa os povos indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais e trabalhadores das cidades, campos, águas e florestas, dificultando suas atividades diárias, a manutenção de seus modos de vida e sua subsistência. No entanto, esses grupos estão criando soluções eficazes, como práticas de agroecologia, agroflorestas e energia solar, que demonstram que uma resposta à crise climática é na democratização e no fortalecimento de soluções coletivas populares.
Segundo o Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima de 2023, a perda de ecossistemas e seus serviços têm impactos em cascata e o longo prazo sobre as pessoas em todo o mundo, especialmente para os povos indígenas e comunidades locais que dependem diretamente dos ecossistemas, para atender às necessidades básicas. O relatório ainda reitera que entre 2010 e 2020, a mortalidade humana causada por enchentes, secas e tempestades foi 15 vezes maior em regiões altamente vulneráveis, em comparação com regiões de vulnerabilidade muito baixa.
“Por isso, o edital visa apoiar essas comunidades, ampliando sua participação no debate sobre justiça climática, racismo ambiental e trabalho digno. O objetivo é fortalecer ações que impactem tanto a COP 30 quanto os anos seguintes, ampliando a visibilidade dessas iniciativas”, explicou Ana Valéria Araújo, diretora executiva do Fundo Brasil e integrante do comitê gestor do Labora, que conta também com representantes da Laudes Foundation, Fundação Ford e Open Society Foundations.
A parceria também destaca a importância da filantropia de justiça social para a defesa da democracia e a construção de um futuro sustentável, com foco em grupos que preservam os biomas brasileiros e enfrentam a crise climática.
As propostas podem ser enviadas até às 18h (horário de Brasília), do dia 25 de abril de 2025, exclusivamente pelo Portal de Projetos do Fundo Brasil.
Para mais informações acesse o link do edital .
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