
Prefeitura de Araxá informou que hotel centenário foi avaliado em aproximadamente R$ 2,7 milhões. Crença popular leva moradores a acreditarem que local já foi mal-assombrado após ficar abandonado. Com fama de mal-assombrado, hotel que já hospedou Vargas, JK e Santos Dumont vai a leilão
Inativo desde 2015, o histórico Hotel Colombo será oficialmente leiloado, em Araxá, no Alto Paranaíba. O prédio centenário é um dos mais tradicionais edifícios da região, conhecido por receber visitas ilustres e hóspedes renomados como Santos Dumont e o ex-presidente Getúlio Vargas.
Com 7 mil metros quadrados e uma avaliação milionária, o hotel guarda nos corredores não só o eco de tempos áureos, mas também, segundo alguns moradores, fantasmas.
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Hotel Colombo reuniu figuras históricas e a nata mineira em seus tempos áureos
Google Streetview/Reprodução
De acordo com o Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Turismo, Italo Marcus Fonseca Borges, a previsão é de que o edital para o leilão do hotel seja lançado em aproximadamente 70 dias. Só então os primeiros lances poderão ser dados.
“O valor da avaliação foi aproximadamente R$ 2,7 milhões. A gente tem que seguir esse valor já validado por avaliadores oficiais. Ele tem que seguir como lance mínimo. Aí vai depender do que nós vamos conseguir no leilão, se a gente vai conseguir superar esse valor”, explicou o secretário.
Hotel Colombo além do tempo
O Hotel Colombo foi ponto de encontro de diversas figuras importantes da história
Reprodução/Arquivo Pessoal
Construído em 1929 pelo imigrante italiano Luiz Colombo, o Hotel Colombo funcionou durante 83 anos e recebeu figuras ilustres como o presidente Getúlio Vargas e o governador de Minas Gerais, Benedito Valadares.
De acordo com Italo Marcus, Juscelino Kubitschek e até o inventor Santos Dumont também chegaram a se hospedar por lá.
Com uma história marcada por tradição e hospitalidade, a estrutura hoteleira se tornou um dos marcos mais emblemáticos da cidade. A arquitetura imponente e o charme acolhedor dos tempos antigos encantaram gerações, tornando-o um local de memórias afetivas e encontros importantes ao longo das décadas.
“A minha gestão foi voltada principalmente para o turismo familiar, porque o que tínhamos para oferecer era um bem-estar para a família com muita proeza”, relembrou Adriana Colombo, neta do fundador do hotel.
Área de piscina do hotel
Reprodução/Arquivo Pessoal
Em 2012, o prédio foi adquirido pela Prefeitura Municipal de Araxá e chegou a funcionar como sede do gabinete do prefeito e de algumas secretarias.
Porém, um incêndio tornou o prédio inativo em 2015, deixando as estruturas abaladas e fazendo com que ele fosse interditado.
Destroços do incêndio que aconteceu no hotel em 2015
PMA/Divulgação
“Quem adquirir o prédio vai ter que restaurá-lo porque é um prédio que tem tombamento estadual, do Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional]. O prédio ocupa em torno de mil metros. Então, tem uma área toda que ainda pode ser explorada para algum novo empreendimento, claro, seguindo o regramento do nosso plano diretor”, esclareceu o secretário.
Atualmente, Araxá conta com eventos como a Copa do Mundo de Mountain Bike, Expoqueijo e o FliAraxá, que a prefeitura acredita que poderão ser aproveitados por quem adquirir o hotel e reativá-lo como o ‘point’ da cidade mineira.
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Mal-assombrado ou crença popular?
Interior do Hotel Colombo
Reprodução/Arquivo pessoal
Cercado por casas, o antigo Colombo é palco de relatos curiosos em Araxá: uma misteriosa mulher de branco que caminha pelos telhados e gritos estrondosos que ecoam pelos corredores são histórias frequentemente contadas por moradores da região, que dão a fama de mal-assombrado ao hotel.
Mas apesar das histórias que circulam de geração em geração, há quem duvide dos relatos e enxergue tudo como fruto da imaginação popular.
“Isso é crença popular que cai na graça do povo. Não existe nenhum fato que tenha determinado isso, nenhum evento ocorreu. Nada disso”, afirmou Italo Marcus.
Por outro lado, quem já trabalhou no antigo estabelecimento garante que sim, existe um mundo espiritual no Hotel Colombo. Aos 50 anos, Ana Cláudia Silva relembra os anos em que passou como coordenadora do hotel: em meio às diversas alegrias que ela afirma ter passado ali, ela também possui muitas histórias para contar.
Ana quando trabalhava no Hotel Colombo
Reprodução/Arquivo pessoal
“Nós tínhamos um gestor, o Walter Ogawa, que quando tomou a direção do hotel se deparou com muitas energias e por isso ele fez um estudo espiritual do hotel e chegou a conclusão de que o Hotel Colombo é uma escola espiritual de 6 andares pelo menos”, contou.
Ainda segundo Ana, a análise espiritual feita no hotel mostrou que ele tem, ao todo, 17 espíritos residentes.
“O pessoal da cozinha dizia que ali existia o espírito de um menino que morreu de meningite e ficou ali vagando. Vários relatos diziam que após o encerramento da cozinha, os trabalhadores viam panelas sendo lançadas, colheres voando, caçarolas se mexerem e por aí vai.”
Dentre as histórias que marcam quem viveu no local, uma delas chama a atenção: a de uma mulher loira, bonita e que ainda hoje aparece nas redondezas do Colombo.
“Da mulher de branco eu sei que ela era loira e se vestia como acompanhante de uma senhora que viajava sozinha para se hospedar no hotel. Em uma dessas viagens, a mulher faleceu no hotel. Após a morte, funcionários enrolaram ela em panos brancos. O espírito dela vagou muitos anos ali e eu tenho relatos de rapazes que se hospedaram no hotel e disseram que chegaram a beber com uma mulher loira, bonita mas que nunca voltavam a encontrar”, relembrou.
Quando já não achava que veria algum dos espíritos relatados por seus colegas do hotel, Ana relembra que em uma noite próxima do natal teve a sua primeira e única experiência ‘assombrada’ no Colombo.
“Certa vez eu estava montando um painel para uma festa dos funcionários e quando eu fui instalar, como estava escuro, eu resolvi ligar o pisca pisca para passar um clima natalino. Foi quando apareceu um vulto de quase 1,80 de altura, um homem negro, a sensação que eu tive era de que ele era um escravo, forte, bonito. Foi a primeira vez que eu vi algo. Eu já havia me deparado com algo assim mas eu já estava preparada. Rezei para que se fosse um espírito bom que ele ficasse, se não, para que fosse embora.”
Ainda hoje Ana acredita que Araxá possui uma energia espiritual forte. Segundo ela, nos estudos realizados pelo antigo gestor do hotel, a região do Barreiro possui um portal espiritual de 9 portas e, por isso, é rodeado de histórias sobrenaturais.
“Quando nosso gestor tentou catalogar esses espíritos que viviam nas redondezas, para além dos que ficavam dentro do hotel, ele não teve uma experiência muito legal. O recado era um só: os espíritos não queriam ser incomodados”, finalizou.
Antes de ir à leilão, Hotel Colombo foi usado pela prefeitura Municipal como sede do executivo
Leandro Guimarães/Acervo IBGE
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