‘Cheio de Ódio’, chefe do tráfico morto na Ladeira dos Tabajaras, teve envolvimento com a morte do policial civil da Core, diz secretário


Polícia Civil subiu o Tabajaras para cumprir 2 mandados de prisão. Traficantes reagiram a tiros. Polícia faz operação na Ladeira dos Tabajaras
O secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro, delegado Felipe Curi, disse, em coletiva de imprensa na Cidade da Polícia, que o chefe do tráfico morto na Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana, teve envolvimento com a morte do policial ciivil João Pedro Marquini, marido da juíza Tula Mello.
Conhecido como “Cheio de Ódio”, Vinicius Kleber di Carlantonio Martins era dono do carro usado na tentativa de assalto que acabou com a morte do policial da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), a tropa de elite da Polícia Civil.
O veículo foi apreendido na comunidade Cesar Maia, em Vargem Grande, horas após a morte. O policial morreu depois de tentar reagir ao assalto.
Vinicius era apontado ainda como chefe do tráfico de drogas da Ladeira dos Tabajaras. Ele é um dos cinco mortos da operação. Outros três homens foram presos, mas os dois alvos da ação continuam foragidos.
“Temos as informações de que entre os neutralizados está o chefe do tráfico da comunidade, conhecido como Cheio de Ódio. Ou seja, um marginal extremamente violento e que estimulava ataques contra policiais. Ele está entre os neutralizados”, disse Curi.
De acordo com o delegado, a reação da polícia depende da ação dos criminosos. “Se eles não reagirem, não vai haver confronto. Agora, se optarem pelo confronto, a opção é deles”.
Curi criticou as restrições anteriores às operações policiais, determinadas por decisões judiciais, e disse que isso deu ao crime organizado uma vantagem de “meia década”. “Antes, nós mantínhamos uma ostensividade nas comunidades. Isso foi proibido. Agora, a gente está fazendo um plano de retomada dessas localidades”.
Os dois alvos da ação, Antônio Augusto D’Angelo da Fonseca e Walace Andrade de Oliveira, não foram encontrados.
Os agentes apreenderam três fuzis, duas pistolas e granadas. E dois suspeitos foram presos.
Antonio Augusto D’Angelo da Fonseca e Walace Andrade de Oliveira, procurados na operação da Core no Tabajara
Reprodução
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A Ladeira do Tabajaras
Operação na Ladeira dos Tabajaras mira assassinos de policial civil no Rio
José Lucena/TheNews2/Estadão Conteúdo
O Tabajaras é uma favela que ocupa o morro que divide Botafogo de Copacabana, e seus acessos são por vias movimentadas desses bairros.
Agentes da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) e da Core fizeram um cerco no Tabajaras e avançavam com o auxílio de um helicóptero. Traficantes reagiram a tiros.
“A reação da polícia depende da reação dos criminosos. Se eles não reagirem, não vai haver confronto”, emendou Curi.
Por segurança, as ruas Pinheiro Guimarães e Real Grandeza, em Botafogo, chegaram a ser fechadas mais de uma vez, por alguns minutos. Um colégio na região decidiu suspender o recreio ao ar livre e manter os alunos em sala. Em creches do entorno, crianças precisaram se proteger dos disparos e se abaixaram nos corredores.
Vídeos nas redes sociais mostram um helicóptero da Polícia Civil dando rasante em cima do Cemitério São João Batista e agentes da Core em diversas vias que dão acesso à comunidade.
Carro da Defesa Civil na Ladeira dos Tabajaras; pelo menos uma pessoa foi morta durante a operação da Polícia Civil
Reprodução/TV Globo
A morte do policial da Core
O policial João Pedro e a juíza Tula Mello foram vítimas de um assalto a caminho de casa no último domingo. Ele morreu.
Reprodução/Fantástico
Na noite de 30 de março, Marquini e Tula voltavam de Campo Grande, na Zona Oeste, em carros separados — horas antes, o policial civil tinha ido de carona com a mulher no Outlander dela pegar o Sandero dele, que estava em uma oficina para conserto.
Ao ver o trânsito parado no Túnel da Grota Funda, o casal decidiu seguir pela serra. Marquini vinha à frente, no Sandero, e Tula o seguia. Em uma das curvas, bandidos que fechavam a pista abordaram o Outlander de Tula.
Ao perceber a ação dos criminosos, Marquini chegou a ligar para um amigo e deixou o celular no viva-voz. A juíza deu ré, mas os bandidos começaram a atirar. O agente saiu do carro armado, mas não deu qualquer disparo — foi atingido por cinco tiros de fuzil.
O carro da juíza foi atingido por três tiros, mas, como é blindado, Tula não se feriu.
A juíza Tula Mello e o policial João Pedro Marquini
Reprodução/TV Globo
Refúgio no Comando Vermelho
Após matarem Marquini, os bandidos fugiram para a comunidade Cesar Maia, em Vargem Pequena, que há mais de 1 ano é controlada pelo Comando Vermelho (CV).
Logo depois, a Core fez uma operação na região e encontrou o Tiggo usado pelos criminosos. Os investigadores suspeitam que esse veículo tenha sido usado num ataque no Cesarão, em Santa Cruz, pouco antes do episódio que envolveu o policial e a juíza.
O Tabajaras também é dominado pelo CV.
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