Condenada à prisão, ex-primeira-dama do Peru recebe permissão para ir ao Brasil


Nadine Heredia se refugiou na Embaixada do Brasil em Lima antes que a Justiça a sentenciasse a 15 anos de prisão. O marido dela, o ex-presidente Ollanta Humala, foi preso. A mulher deve deixar o país em um avião da FAB já na manhã desta quarta (16). Nadine Heredia e Ollanta Humala
Reuters/Mariana Bazo
A presidente do Peru, Dina Boluarte, concedeu salvo-conduto para permitir que a ex-primera-dama Nadine Heredia para deixe à embaixada brasileira e viaje para o país. A informação foi confirmada pela defesa de do ex-presidente Ollanta Humala, marido de Nadine.
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A mulher deve deixar o país em um avião da FAB já na manhã desta quarta (16).
Nadine está na Embaixada do Brasil, em Lima, onde pediu asilo, nesta terça-feira (15). Ela e o marido foram condenados à 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro em um caso envolvendo a construtora brasileira Odebrecht (atual Novonor) e o governo do ex-presidente venezuelano Hugo Chávez.
Mulher de ex-presidente do Peru se refugia na embaixada do Brasil após ser condenada à prisão
Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Peru, Nadine entrou na sede da Embaixada do Brasil pela manhã, antes da divulgação da sentença.
Em comunicado oficial, a Chancelaria do Peru informou que Nadine solicitou asilo “em conformidade com o estabelecido na Convenção sobre Asilo Diplomático de 1954, da qual o Peru e o Brasil são signatários”.
O governo peruano acrescentou que os dois países estão em contato permanente sobre a situação. O Itamaraty confirmou que a ex-primeira-dama está na embaixada brasileira.
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A Justiça peruana condenou Humala e Nadine por lavagem de dinheiro. De acordo com as investigações, o ex-presidente recebeu US$ 3 milhões da Odebrecht e outros US$ 200 mil de Chávez para financiar suas campanhas presidenciais de 2006 e 2011.
Humala foi eleito presidente em 2011 e permaneceu no cargo até 2016. Ele e a mulher chegaram a ser presos em 2017, no âmbito das investigações. Naquele ano, o ex-diretor da Odebrecht no Peru afirmou que a empresa fez doações a Humala a pedido do PT.
Nadine foi acusada de participar ativamente das atividades do Partido Nacionalista Peruano, fundado por Humala. Segundo os promotores, ela atuou na arrecadação de fundos e também em ações de governo. Ela nega ter recebido valores ilícitos.
O irmão dela e cunhado de Humala, Ilán Heredia, também foi condenado a 12 anos de prisão no mesmo processo.
Ao fim do julgamento, realizado na Corte Superior Nacional, Humala foi detido pela polícia e levado diretamente à prisão. Uma ordem de prisão também foi expedida contra Nadine, que não compareceu à audiência.
Além da pena de prisão, Humala terá de pagar uma multa de 10 milhões de soles (cerca de R$ 15,7 milhões).
A defesa do ex-presidente disse que vai recorrer da decisão, classificou a sentença como “excessiva” e afirmou que os promotores não conseguiram provar a origem ilegal do dinheiro.
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O caso
Humala foi o primeiro ex-presidente peruano a ser julgado no escândalo de corrupção da Odebrecht, que envolveu também outros três ex-mandatários do país:
Alan García se suicidou em 2019, quando a polícia chegou a sua casa para prendê-lo.
Alejandro Toledo foi condenado a 20 anos de prisão por receber propinas em troca de contratos com o governo.
Pedro Pablo Kuczynski está em prisão domiciliar enquanto aguarda a conclusão das investigações.
Humala venceu a eleição de 2011 ao derrotar Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori. Keiko também chegou a ser presa por mais de um ano em um processo ligado à Odebrecht, posteriormente anulado pela Justiça.
Em entrevista à agência EFE em fevereiro deste ano, Humala negou ter recebido propina da construtora e sugeriu que o dinheiro poderia ter sido desviado pelo ex-diretor da empresa no Peru, Jorge Barata.
“Se essa tese de que, efetivamente, Marcelo [Odebrecht] teria arranjado para que Barata [enviasse dinheiro para sua campanha], o que eu acho, primeiro, [é que] não acredito que isso tenha acontecido, mas, se aconteceu, Barata roubou o dinheiro”, disse.
O ex-presidente do Peru, Ollanta Humala, antes de ser preso em audiência, em 15 de abril de 2025
REUTERS/Angela Ponce
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