Santarém abre Semana dos Povos Indígenas com evento de valorização da cultura e luta contra o preconceito


Evento contou com a presença de professores e lideranças para destacar a importância da educação indígena e combater o preconceito nas escolas. A rede municipal de ensino conta hoje com 63 escolas indígenas, além de um Centro de Educação Infantil (Cemei Borari) e 2.831 alunos matriculados
Divulgação
Em alusão ao Dia dos Povos Indígenas, celebrado nacionalmente em 19 de abril, a Secretaria Municipal de Educação, em Santarém, oeste do Pará, realizou manhã desta quarta-feira (16), na sede do Sinprosan, a abertura oficial da Semana dos Povos Indígenas. A programação buscou valorizar a cultura, reforçar os direitos constitucionais e denunciar o preconceito ainda presente nas instituições educacionais e na sociedade.
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A atividade reuniu estudantes, professores, alunos, lideranças indígenas e membros da comunidade para um momento de reflexão e reconhecimento da importância da educação escolar indígena. Para a professora Ivanei Reis, que é descendente de povos indígenas e atua na Escola Dom Lino Vombommel, o evento representa um passo importante na efetivação da lei e no fortalecimento da identidade indígena dentro da cidade.
“Ter uma abertura da semana dos povos indígenas é uma efetivação daquilo que está na lei. A educação escolar indígena é diferenciada, e esse momento é essencial para mostrar aos alunos urbanos que temos direitos iguais, apesar das diferenças culturais. É um avanço muito grande”, afirmou Ivanei.
A professora, mestre em Educação Inclusiva, ressaltou que ainda existem diversos desafios enfrentados pelos indígenas no ambiente urbano, especialmente o preconceito. Segundo ela, muitos estudantes indígenas têm vergonha de se identificar como tal por medo de discriminação.
“Infelizmente, o maior obstáculo que nós, povos indígenas, sofremos é a questão do preconceito. Dentro das escolas, isso ainda é muito forte. O indígena é julgado por não estar na aldeia, por usar um celular, por não vestir-se conforme estereótipos. A sociedade ainda não respeita o que não conhece”, desabafou.
Ivanei também chamou atenção para a necessidade da implementação efetiva da Lei 11.645/2008, que obriga o ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena nas escolas. “Se essa lei fosse aplicada corretamente, os alunos indígenas se sentiriam mais à vontade para se identificarem, sentiriam orgulho de sua origem, pois veriam sua cultura representada no ambiente escolar”, disse.
A docente destacou ainda que muitos alunos indígenas estão matriculados em escolas não indígenas, mas não são formalmente identificados como tal, o que dificulta ações específicas para fortalecer sua identidade e apoiar sua trajetória escolar.
A Semana dos Povos Indígenas segue com atividades culturais, rodas de conversa, oficinas e exposições, e reforça a luta histórica dos povos originários por respeito, visibilidade e a tão necessária demarcação de seus territórios. Em Santarém, a resistência indígena também passa pela sala de aula.
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