Presença de PMs na Favela do Moinho gera protesto de moradores e paralisa linha da CPTM


A circulação de trens foi interrompida entre as estações Júlio Prestes e Palmeiras-Barra Funda, na Linha 8-Diamante, por mais de uma hora. Moradores protestam na Favela do Moinho.
Arquivo pessoal
Moradores da Favela do Moinho, no centro de São Paulo, protestaram na tarde desta sexta-feira (18) contra a presença de agentes da Polícia Militar no local.
A manifestação interrompeu temporariamente a circulação de trens entre as estações Júlio Prestes e Palmeiras-Barra Funda, na Linha 8-Diamante.
Os agentes teriam chegado ao local durante a manhã e, segundo os moradores, entraram na favela com truculência, lançando gás de efeito moral contra a população.
PMs na Favela do Moinho.
Arquivo pessoal
Em nota, a ViaMobilidade, responsável pela linha, informou que a circulação foi interrompida por volta das 14h15 “em decorrência de ações externas relacionadas à Comunidade do Moinho, localizada nas proximidades da Estação Júlio Prestes”.
A situação foi normalizada por volta das 15h50.
O g1 procurou a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo para saber o motivo da operação desta sexta-feira, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
Protesto na terça
PM joga bombas de efeito moral em manifestantes no Centro de SP
Na terça-feira (15), moradores da favela realizaram uma caminhada pelo centro da capital em protesto contra um projeto do governo do estado para a implantação de um parque no local.
Os manifestantes chegaram a ocupar as duas pistas da Avenida Rio Branco e seguiram em direção à Câmara Municipal. Por volta das 18h, quando passavam pela Avenida 9 de Julho, a polícia tentou dispersar o grupo com bombas de efeito moral.
Segundo o governo, a CDHU tem se reunido com os moradores desde o ano passado e está presente na região para “apresentar opções de atendimento habitacional” e “manter tratativas com as famílias que hoje moram na área, a fim de oferecer moradias dignas e seguras, de acordo com a política habitacional vigente.”
A gestão argumenta que a desocupação da área visa a segurança dos moradores e que, até o momento:
86% das famílias já iniciaram a adesão para o atendimento habitacional;
531 famílias já foram habilitadas, ou seja, estão prontas para assinar contrato;
e, dentre estas, 444 estão com um imóvel de destino definido.
Segundo a Associação de Moradores da Favela do Moinho, mais de 900 famílias vivem no local. Além das moradias, a comunidade também abriga comércios, que representam a principal fonte de renda para alguns moradores.
Alvo de operação
Em 2024, a Favela do Moinho foi um dos alvos de uma operação do Ministério Público na Cracolândia, que resultou na prisão de suspeitos de integrarem um esquema de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC). A investigação apontou que a região abrigava uma base de inteligência do PCC, equipada com detector de radiofrequência para interceptar conversas operacionais da Polícia Militar.
MP denuncia onze pessoas ligadas ao PCC que usavam a Favela do Moinho, no Centro de SP, para atividades criminosas
Ainda segundo os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), os denunciados usavam a Favela do Moinho para guardar e vender entorpecentes, dissimulando a origem de recursos obtidos com o tráfico, captando sinais de rádios transmissores das forças policiais e colocando em prática os tribunais do crime dentro da comunidade.
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