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Morreu, nesta quinta-feira, aos 87 anos, o artista juazeirense Edy Star. O cantor, dançarino, produtor teatral e ícone da cultura queer sofreu um acidente doméstico em São Paulo, foi socorrido, chegou ao hospital em estado grave, enfrentou complicações após uma diálise e acabou não resistindo.
Edivaldo Araujo de Souza era baiano, mas passou boa parte da vida em São Paulo. Irreverente, se tornou Edy Star e é considerado o primeiro artista de grande projeção a assumir publicamente a homossexualidade, levando aos palcos por onde passou performances que questionavam o moralismo e o pudor.
Para Fernando Guerreiro, presidente da Fundação Gregório de Matos, foi fundamental para o surgimento de diversos outros artistas e movimentos culturais.
Edy Star é um precursor, é um cara absolutamente criativo, original, revolucionário. Sem Edi Star, com certeza, a gente não teria Secos e Molhados, em Ney Matogrosso, Abofetada. Foi um cara à frente do seu tempo, corajoso, talentosíssimo e que carregava essa pegada de marginal. Porque a cultura que ele fazia era considerada marginal. Mas foi o primeiro grande performer desse país. Então, o Brasil fica mais triste, o Brasil fica mais careta, mas vamos preservar essa memória tropicalista e louca de Edy.
Edy teve, em 1971, um marco na carreira: colaborou com o também baiano Raul Seixas no disco “Sociedade da Grã-ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10”, também uma obra de Sérgio Sampaio e Miriam Batucada.
Além dessa produção, Edy teve apenas dois álbuns solo: Sweety Edy, de 1974, e Cabaré Star, de 2017, produzido por Zeca Baleiro.
Fernando Moraes, diretor do documentário “Antes que me Esqueçam, meu nome é Edy Star”, contou que o artista estava para lançar um novo disco em homenagem a Raul Seixas, o diretor descobriu, durante a produção do documentário, lançado em maio de 2018, que era, além de admirador, primo de Edy.
É artista mesmo de talento, mas Edy é um dos últimos que está indo embora no nosso país. Então quem conviveu com ele, como eu convivi, ouvindo as histórias, conhecendo toda a trajetória dele, é uma perda muito, muito grande, para a cultura nossa também. Embora o país que a gente vive aqui é, pelo visto, sempre será um país sem memória, não preserva a memória dos seus grandes talentos, Edy, com certeza, vai fazer muita falta, ele tinha muito a produzir ainda, já estava produzindo, estava para lançar um novo disco em homenagem a Raul. Eu só tenho que agradecer todos os momentos que convivi com ele, ele me entregou um filme belíssimo, não interviu em nada, pelo contrário, ajudou bastante e também como parente, como primo, tem aquela perda familiar também, que é menos um membro da família que vai embora. Como eu escrevi, Edy não virou um star por acaso. Nasceu star.
Cantor, compositor, produtor de boate, parceiro musical de grandes nomes da música brasileira, como Ney Matogrosso e Caetano Veloso, Edy era, antes de tudo, um acontecimento, com o destino de ser star.
Cultura Cantor, compositor, dançarino e produtor era ícone da cultura queer Salvador 25/04/2025 – 11:45 Rádio Educadora da Bahia Bruna Ferraz – Rádio Educadora da Bahia Edy Star sexta-feira, 25 Abril, 2025 – 11:45 3:36