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Um casarão de 117 anos foi um dos poucos imóveis que resistiram às enchentes históricas de 2024 que devastaram bairros em Arroio do Meio, no Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul. O município foi um dos mais prejudicados pelas águas.
A casa, que já foi um moinho, é um restaurante há setenta anos. Hoje é comandado pela Solange Schneider e pelo marido.
“Eu nasci nessa casa. Meu pai trabalhou aqui por 40 anos com restaurante. Depois, eu e meu marido, desde que a gente pegou, já estamos há 30, há quase 31 anos.”
A família vive nos fundos do casarão, com cerca de dez metros de altura. Quando a enchente veio, precisaram sair para se salvar. A água chegou a oito metros e meio. Os estragos que encontraram na volta não foram suficientes para Solange desistir.
“Para chegar na parte de cima, a gente teve que ir tirando árvore. Entrou árvore dentro de casa. Então, quando tú abre, consegue abrir a porta e tu vê aquilo tudo assim. Tú não tem onde passar, lodo, lodo, lodo. Te dá um, sabe? Tu fica meio aqui balançado. Mas por outro lado também, tu tem coragem de recomeçar porque tu pensa assim, puxa, eu tenho que agradecer que eu não fiquei aqui, que eu não tinha ninguém da minha família aqui.”
As grossas paredes de barro do casarão resistiram à enchente de 1941 e várias outras, até vencer novamente a do ano passado. Agora, a gaúcha espera que o bairro Navegantes, onde está o restaurante Casa do Peixe, continue resistindo, e não seja interditado.
“Eu acho que não é por aí. Acho que o pessoal tem que voltar, eles têm que tentar. Vamos fazer um plano diretor, alguma coisa assim, que tú vai construir em zona alagadiça, tudo bem. Mas então vamos pegar e vamos adaptar a moradia. Tú vai fazer a tua cozinha, o teu quarto, ali ó, de tijolos, de concreto. Fazer uma coisa adaptável.”
No bairro Navegantes, ainda é possível encontrar o rastro de destruição. Casas foram literalmente arrancadas do chão, postes jogados sobre os escombros, onde o mato cresce.
Outro desafio é a construção de moradias perdidas em Arroio do Meio. O deficit é de 700 casas, que devem ser atendidas em conjunto com instituições estaduais e federais. Cem unidades vão ser pelo sistema Compra Assistida, em que a pessoa escolhe o lugar; 400 casas vão para o novo bairro Medianeira, e 200 no Dom Pedro. O problema é a falta de estrutura, como asfalto, luz e encanamento, diz o prefeito Sidney Eckert.
“Essa de duzentas já está encaminhando a documentação, mas ela precisa fazer toda a infraestrutura do loteamento. Então, tudo isso ainda precisa acontecer. Então, é muito difícil que com menos de dois a três anos as casas estejam concluídas.”
Sobre o bairro Navegantes, onde fica o casarão, o prefeito explica que ainda está arrecadando recursos para fazer a limpeza da região e também na Vila Tiradentes e no Maracanã. A ideia é fazer um parque linear na orla do rio, para evitar que as pessoas voltem para a área de risco.
Geral Município do Rio Grande do Sul foi o mais atingido pelas águas. Arroio do Meio (RS) 01/05/2025 – 09:32 Leila dos Santos / Rilton Pimentel Gabriel Brum – Repórter da Rádio Nacional enchente Arroio do Meio Rio Grande do Sul casarão quinta-feira, 1 Maio, 2025 – 09:32 3:08