Dia das mães: palestrante espírita Mayse Braga e filha falam de reaproximação e cuidado


Mayse passou por duas internações no hospital e durante recuperação morou com Marianna. Juntas, elas escreveram livro sobre se relacionar e reconstruir; conheça detalhes. Mayse Braga e filha Marianna.
Arquivo pessoal
Falta de diálogo, diferenças e distanciamento. Como enfrentar desafios e reaproximar a família? 👩‍👧‍👦
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Em homenagem ao Dia das Mães, celebrado neste domingo (11), o g1 entrevistou Mayse Braga, palestrante espírita, e sua filha, Marianna Braga, que é psicóloga. Juntas elas lançaram um livro que fala sobre se relacionar, cuidar e reconstruir.
🔎 A ideia do livro surgiu em 2021, após Mayse enfrentar duas internações hospitalares. Durante a recuperação, morou com a filha e ambas se reconectaram, experiência que é relatada na obra.
Além de detalhes sobre o livro, mãe e filha falam de:
Importância do diálogo na família
Mudanças com as novas gerações
Dicas para mães que querem se aproximar dos filhos
Dicas para filhos que querem se aproximar dos pais
Mensagem de Dia das Mães
Leia entrevista com Mayse e Marianna Braga
Livro ‘Aquele tempo entre nós: uma conversa entre mãe e filha sobre se relacionar, cuidar e reconstruir’, de Mayse Braga e Marianna Braga..
Marcella Rodrigues/g1
Como foi trabalhar no livro juntas?
Marianna – Foi incrível. Eu não imaginava que seria tão terapêutico para nós duas e para a nossa relação. Além de resgatar e processar situações dolorosas e fazer sentido dos nossos desencontros, lembramos de tanta coisa bacana.
Acima de tudo, pudemos nos ouvir e criar algo juntas, depois de perdas significativas – e de termos nos perdido uma da outra por um período que pareceu longo demais.
Mayse – Fiquei impressionada ao descobrir como nos recordávamos de coisas diferentes e como nos sentíamos culpadas por atitudes das quais a outra nem sequer se lembrava de ter vivido.
No livro eu confesso que sentar para escrever juntas, na sala de casa, foi uma variação bem-vinda das visitas típicas da minha filha, em que ela se preocupa, pergunta e confere se estou segura, se minha glicemia não está alta, se essa manchinha perto do meu olho é nova ou já estava ali.
Não sem razão, ela se preocupa comigo, assim como eu me preocupo com ela desde antes do seu nascimento. Escrever juntas nos lembrou que nosso amor pode fazer mais do que proteger, ele pode também libertar.
Qual a importância da família manter o diálogo?
Marianna – Nos momentos bons, precisamos saber contar ao outro como estamos felizes, para que ele se sinta conectado a nós, reconhecido e apreciado pela forma como se relaciona conosco.
Já nos momentos mais difíceis, quando nos agarramos firmemente à nossa visão das coisas na tentativa de fazer sentido das mudanças — e em que a incompreensão coloca uma distância entre os corações —, o diálogo se torna imprescindível.
O desafio é que, justamente nos momentos mais tenebrosos, quando mais precisamos dessa proteção, muitas vezes estamos cansados demais ou amedrontados demais para falar e ouvir com atenção e cuidado.
O diálogo em família tem mudado com as gerações?
Marianna – Guardadas as especificidades de cada família, podemos dizer que sim, que hoje em dia o diálogo entre pais e filhos é mais livre do que foi para as gerações anteriores.
Os Baby Boomers foram pais tipicamente mais autoritários e rígidos do que os da Geração X, e os Millenials são pais ainda mais participativos e abertos a uma relação mais horizontal com seus filhos.
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Quanto ao espaço que os adolescentes têm, esse depende de qual família estamos falando. Há grupos familiares mais abertos ao diálogo, e há também aqueles em que a autoexpressão não é incentivada, e pode ser até punida.
É preciso confiar que é seguro se expressar ali, e que, mesmo que os pais não concordem com algo ou não permitam alguma coisa, a expressão dos sentimentos e necessidades serão respeitadas.
Que dica você daria para mães que desejam se aproximar de seus filhos?
Mayse – Para mim, que sempre tenho receio de atrapalhar e de me impor como uma tarefa a uma filha já muito ocupada, meu desafio é dizer de forma aberta e direta que estou com saudades, e falar sobre como nossa proximidade é significativa para mim.
Buscar um sentimento em comum que seja a ponte para conversas sinceras é uma boa pedida, e essa aproximação pode começar justamente com a mãe contando aos filhos o quanto essa relação é importante para ela.
Para os relacionamentos que precisam de regeneração, o diálogo sincero pode ser curativo, e é preciso que estejamos preparados não apenas para falar, mas também para ouvir com amor e compaixão o que há no coração dos nossos filhos, a fim de que possamos estar verdadeiramente juntos.
Que dica você daria para filhos que querem se aproximar dos pais?
Marianna – A dinâmica entre filhos adultos de pais idosos é muito peculiar e demanda determinadas atenções que não são tão necessárias quando estão todos bem, saudáveis e com autonomia preservada para o dia a dia.
Quando a necessidade de cuidado passa a dominar as interações entre pais e filhos, podem surgir incompreensões e distâncias, mesmo entre quem sempre foi próximo, como é o nosso caso.
Se você é uma filha super preocupada como eu, recomendo atenção para não virar uma figura autoritária, da qual os pais sintam necessidade de se afastar para protegerem a si mesmos – e a relação.
Também é importante lembrar, em meio às dificuldades cotidianas, de provocar momentos de descontração sem compromisso. Faço essas recomendações sabendo, por experiência própria, que isso é mais fácil de falar do que de fazer.
Que mensagem gostariam de deixar para os leitores nesse Dia das Mães?
Mayse Braga – Se este for um dia feliz para você, comemore! Esses momentos são preciosos, e a lembrança das alegrias pode nos consolar imensamente nas horas mais duras, que inevitavelmente virão.
Se é um dia de saudade – de uma mãe ou de um filho que não estão mais aqui –, lembre-se de que esse alguém vive para sempre dentro de você. Nós, que um dia também sentiremos essa saudade, esperamos que seja um dia de doces lembranças.
E, se hoje for um dia difícil justamente porque é o Dia das Mães, lembre-se de que há muitas maneiras de ter – e de ser – uma presença amorosa significativa no mundo.
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