Pessoas negras seguem sendo maioria das vítimas de homicídio no país

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Pessoas negras continuam sendo a maioria das vítimas de homicídio no país. Dos 45 mil assassinatos ocorridos em 2023, mais de 35 mil foram de pessoas pretas e pardas. Esse número representa mais de 76% dos casos. Noventa e seis são assassinadas por dia, em média, 29,7 homicídios para cada 100 mil habitantes desse grupo populacional. Os dados são do Atlas da Violência 2025, divulgado nesta segunda-feira (12) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no Rio de Janeiro.

Em 2023, uma pessoa negra tinha 2,7 vezes mais chances de ser vítima de homicídio do que uma pessoa não negra. Apesar dos números elevados, a pesquisa mostra que esse tipo de crime diminuiu 0,9% na comparação com 2022. 

Em relação ao número total de homicídios, o atlas registrou a menor taxa em 11 anos. Na média, o Brasil teve 21,2 registros para cada 100 mil habitantes, uma redução de 2,3% na comparação com 2022.

Apesar da melhora, a diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, vê com ressalva essa queda e avalia que ela sempre tem menor proporção entre as pessoas negras:

“A gente tem uma redução da mortalidade nos dois grupos: taxa de mortalidade entre negros e taxa de mortalidade entre não negros. Mas cai mais entre não negros. A gente tem índice de assassinatos de pessoas negras todos os dias, mas isso não sensibiliza, porque isso é pra marcar. Estamos diante de um resultado positivo, com uma redução histórica, a menor taxa de homicídios nos últimos 11 anos? Estamos. Mas a gente continua com um quadro muito grave, que afeta desproporcionalmente mulheres e pessoas negras”.

Em relação aos povos indígenas, a taxa de homicídios registrados foi superior à nacional em 2023: enquanto a média nacional foi de 21,2 por 100 mil habitantes, a de indígenas foi de 22,8, com aumento de 6% em relação a 2022. Em dez anos, no entanto, o atlas registra que essa taxa apresentou redução de mais de 62%, passando de 62,9 por 100 mil, em 2013, para 23,5, em 2023. 

O estudo também apurou que mais de 21,8 mil jovens de 15 a 29 anos perderam a vida de forma violenta em 2023, uma média de 60 assassinatos por dia. Esses casos representam praticamente a metade (47,8%) de todos os homicídios no Brasil em 2023. Ao todo, 94% das vítimas são homens. Mesmo alto, segundo o estudo, o número de homicídios entre os jovens continua em queda nos últimos sete anos.

Já entre as mulheres, foram registrados mais de 3,9 mil homicídios em 2023, taxa de 3,5 por 100 mil habitantes. O dado é praticamente o mesmo desde 2019. Na análise por estados, o estudo mostra que a vida das mulheres sofre maior risco em Roraima, onde a taxa de homicídio feminina, de 10,4 por 100 mil, foi o triplo da brasileira. A unidade da federação com taxa mais baixa foi São Paulo, com 1,6 assassinato a cada 100 mil habitantes.

O estudo também analisou a violência praticada contra a população LGBTQIAPN+. Em 2023, os casos de violência contra homossexuais e bissexuais registrados no sistema de saúde aumentaram 35% em relação ao ano anterior, passando de mais de 14 mil, em 2022, para mais 19 mil. Já os registros de violência contra pessoas transsexuais e travestis aumentaram 43%, passando de 3,8 mil para 5,5 mil casos.

Rio de Janeiro (RJ), 08/03/2023 - Ato denúncia em frente à Câmara Municipal, organizado pelo campanha Levante Feminista contra o Feminicídio, colocarão 210 cruzes nas escadarias do Palácio Pedro Ernesto, simbolizando cada uma das 111 mulheres assassinadas no estado em 2022 e as 99 mulheres assassinadas em 2023. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

© Tânia Rêgo/Agência Brasil

Segurança Números são do Atlas da Violência 2025, divulgado hoje pelo Ipea Rio de Janeiro 12/05/2025 – 17:53 Fabiana Sampaio / Rafael Guimarães Tatiana Alves – Repórter da Rádio Nacional violência Ipea Atlas da Violência 2025 negros mulheres LGBTQIA+ segunda-feira, 12 Maio, 2025 – 17:53 5:00

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