Encosta que desmoronou no Recife é a mesma cujo deslizamento deixou dois mortos há dez anos; moradores denunciam negligência


De acordo com prefeitura, uma obra de contenção foi iniciada e deve ser concluída no primeiro semestre de 2026. Segundo morador, escavações da obra na encosta deixaram a terra solta. Deslizamento de encosta atingiu duas casas na Bomba do Hemetério
A mesma encosta que desmoronou em 2015, provocando a morte de dois homens, na Bomba do Hemetério, Zona Norte do Recife, voltou a deslizar na madrugada desta quinta-feira (15), por conta das fortes chuvas que atingiram a capital. Embora o novo deslizamento não tenha deixado vítimas, moradores denunciam negligência do poder público, que não resolveu a situação, uma década depois (veja vídeo acima).
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O deslizamento atingiu duas casas da Rua Antônio Porfírio Santana. Uma delas estava desocupada devido à proximidade com a encosta e risco de deslizamento. A segunda residência teve parte do muro do quintal arrastado pelo barro, que não chegou a invadir a área interna da casa.
Em entrevista à TV Globo, o morador Guilherme Aires, que vive na casa atingida pelo deslizamento, contou que não conseguiu dormir à noite com medo que o barro invadisse seu quarto. O cômodo fica localizado perto de onde a lama da encosta chegou.
“Boa parte da lama entrou durante a madrugada. Os moradores se juntaram comigo para a gente limpar toda a área e deixar o caminho mais viável, mas não teve o que fazer aqui. Havia um muro, do começo até o final, e houve o rompimento do barro. Ou seja, o barro acabou invadindo e destruindo toda a estrutura”, contou Guilherme.
De acordo com o morador, após o deslizamento de 2015, a prefeitura do Recife deu início a uma obra de contenção de barreira, mas a construção nunca foi concluída, embora as obras estivessem em andamento. Para Guilherme, a movimentação de terra recentemente no local contribuiu para que o barro cedesse com mais facilidade.
Segundo o morador, ele chegou a procurar a prefeitura para alertar que o barro estava ficando solto, temendo um deslizamento, mas os trabalhos com a escavadeira teriam continuado até o início desta semana.
“A prefeitura negligenciou dizendo que tem um prazo para ser entregue essa obra e essa obra não poderia ser feita. Sendo que o muro de contenção foi mal feito. A escavadeira continuava a cavar o barro, o barro continuava a ceder”, comentou.
Guilherme afirmou ainda que, após o deslizamento, a prefeitura do Recife enviou apenas profissionais para ajudar os moradores a retirarem a lama da rua. Segundo ele, até o início da tarde, nenhum agente da Defesa Civil do Município tinha ido ao local para avaliar o dano e o risco de novos deslizamentos.
Deslizamento aconteceu em mesma encosta que cedeu em 2015
Reprodução/TV Globo
O que diz a prefeitura do Recife?
Procurada, a prefeitura do Recife disse que:
o município está investindo R$ 12,8 milhões na obras de contenção da encosta;
a construção está em curso e deve ser finalizada no primeiro semestre de 2026, beneficiando diretamente mais de 500 moradores;
equipes da Autarquia de Urbanização (URB) e da Autarquia de Limpeza e Manutenção Urbana (Emlurb) foram acionadas para a limpeza na rua Antônio Porfírio de Santana.
Transtornos
As chuvas intensas na noite de quarta (14) e na manhã desta quinta-feira (15) provocaram alagamentos e geraram transtornos para moradores e pessoas que circularam pelos municípios do Grande Recife, como o cancelamento de aulas, a suspensão de serviços públicos.
Duas pessoas morreram após levarem choque em uma avenida alagada no Recife, na noite da quarta-feira (14). As mortes aconteceram após um vazamento de corrente elétrica em um trailer que vende refeições na Avenida Engenheiro Alves de Souza, no bairro da Imbiribeira, na Zona Sul da cidade
A prefeitura do Recife informou que, em 24 horas, foram registradas chuvas que chegaram a quase 167 milímetros (mm). O acumulado equivale a 58% da média histórica do mês de maio desde o ano 2000, que é de 286 mm. Segundo a prefeitura do Recife, 29 árvores caíram na cidade até o início da tarde.
A Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) afirmou que entre os municípios mais afetados estão Olinda, onde choveu 173,8 milímetros, e Jaboatão dos Guararapes, onde choveu em um dia metade do esperado para todo o mês de maio. Segundo a Apac, o município já registrou 162,4 milímetros de chuva.
Números da Defesa Civil
Confira os números da Defesa Civil nos municípios da Região Metropolitana do Recife:
Recife: 0800.081.3400 (ligação gratuita, 24 horas);
Abreu e Lima: (81) 97347-2443;
Araçoiaba: (81) 3543.8983;
Cabo de Santo Agostinho: 0800.281.8531;
Camaragibe: (81) 2129.9564, (81) 99945.3015 e 153;
Igarassu: (81) 99460-9073;
Itamaracá: (81) 3181-2490 e 199;
Ipojuca: (81) 99231.8607 (telefone e WhatsApp);
Itapissuma: (81) 98844-5216;
Jaboatão dos Guararapes: (81) 3461.3443 e (81) 99195.6655;
Moreno: (81) 98299.0974 e (81) 98128.2018;
Olinda: (81) 99266.5307 e 0800.081.0060;
Paulista: (81) 99784-0270 e 3371-7992;
São Lourenço da Mata: (81) 98338.5407.
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