Justiça exige que Globoaves garanta privacidade de funcionários que trocam de roupa na frente de colegas em higienização


Vara do Trabalho de Porto Ferreira (SP) já havia decidido que houvesse espaço privado em unidade de Descalvado da empresa produtora de ovos e carne. Em decisão mais recente, que cabe recurso, TRT-15 ampliou para todas unidades do país. Globoaves tem unidades espalhadas pelo Brasil
Cícero Bittencourt / RPC/arquivo
O Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (TRT-15) determinou que a empresa Globoaves, empresa produtora de ovos e carne com unidades em vários estados brasileiros, garanta a privacidade de colaboradores depois do processo de higienização pelo qual passam antes e depois das jornadas profissionais.
📲 Participe do canal do g1 São Carlos e Araraquara no WhatsApp
Diariamente, os funcionários precisam tomar banho na empresa para seguir normas do Ministério da Agricultura, antes e depois do expediente.
O Ministério Público do Trabalho (MPT) de Araraquara, porém, ajuizou uma ação civil pública ao identificar que, após a ducha de higienização, os trabalhadores vinham trocando de roupa em vestiário coletivo, inclusive sob a presença de supervisores.
A juíza determinou ainda o pagamento de indenização por danos morais coletivos de R$ 200 mil.
A empresa ainda pode entrar com recurso junto ao Tribunal Superior do Trabalho (TST). O g1 pediu um posicionamento à Globoaves, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.
Sentença
Em dezembro de 2024, a Vara do Trabalho de Porto Ferreira já havia determinado que a empresa, que está em recuperação judicial, garantisse a “a inviolabilidade da intimidade” dos funcionários na unidade de Descalvado (SP). Na movimentação mais recente da ação, a juíza Márcia Cristina Sampaio Mendes ampliou o alcance da decisão para todas as sedes da Globoaves no Brasil.
“A norma do Ministério da Agricultura não importa na conclusão de que a observância da barreira sanitária importe na exposição pessoal dos trabalhadores. Essa é uma opção do empregador, haja visto o custo da adequação de ambiente apropriado para o banho e troca de roupa de forma individualizada. A liberdade da empresa, inclusive no que toca à organização do ambiente de trabalho, caminha em paralelo com o princípio da dignidade humana, este a se desdobrar no respeito, inclusive, à imagem e à intimidade de trabalhadoras e trabalhadores”, citou a juíza.
MAIS NOTÍCIAS DA REGIÃO:
GREVE: Servidores de Araraquara protestam por aumento; 10 escolas fecham e UBS’s funcionam parcialmente
MOCOCA: Comerciante relata medo após matar assaltante e ter casa apedrejada por grupo
GRANDE QUANTIDADE: Cerca de 500 kg de cocaína são apreendidos em caminhão com soja na Rodovia Washington Luís
Indenização
Na sentença mais recente, a juíza aumentou o valor da indenização por danos morais coletivos, passando de R$ 160 mil para R$ 200 mil.
Além disso, estão mantidas determinações da decisão de dezembro do ano passado, como por exemplo:
fica proibida a presença de supervisores dentro do local onde ocorre a higienização (vestiário, local de troca de uniformes, box com duchas e banheiros), e qualquer orientação deve ser ministrada previamente e fora dos locais;
fica proibida a higienização coletiva, devendo todo o procedimento ser feito individualmente;
há previsão de multas que podem variar entre R$ 1 mil até no máximo R$ 2 milhões em caso de descumprimento de exigências.
De acordo com informações divulgadas no site da empresa, a Globoaves conta com operações nos estados de São Paulo, Pará, Pernambuco, Rondônia, Mato Grosso, Goiás, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Paranás, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Na região, além de Descalvado, o site informa que há unidades em Itirapina (SP) e São Carlos (SP).
VEJA TAMBÉM:
Homem morre em acidente de trabalho em Itirapina; veja vídeo:
Homem morre em acidente de trabalho em Itirapina
REVEJA VÍDEOS DA EPTV:
Veja mais notícias da região no g1 São Carlos e Araraquara
Adicionar aos favoritos o Link permanente.