
Ingrid de Barros Oliveira, de 31 anos, morreu e perdeu as bebês após dar à luz em casa. Marido relata que ela foi liberada duas vezes pela maternidade sem realizar exames. Gestante e bebês gêmeas morrem após parto em Nova Friburgo e família denuncia negligência
Uma mulher grávida e as filhas gêmeas morreram depois que o parto ocorreu dentro de casa na cidade de Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio. Segundo o marido de Ingrid de Barros Oliveira, ela procurou a maternidade duas vezes, mas foi liberada sem ser submetida a exames mais aprofundados.
A família da vítima, que tinha 31 anos, denuncia que houve negligência médica por parte da equipe da Maternidade Municipal, o que teria resultado na tragédia.
Ao g1, Thiago Ventura dos Santos explicou que a mulher estava com uma gravidez de alto risco.
“No dia 8, minha esposa veio com muitas dores, internaram ela. Quando chegou, no dia 10, liberaram. Aí ela ficou sábado e domingo comigo. No dia 12, na segunda-feira, ela voltou a sentir muitas dores, eu trouxe ela para cá de volta. Não passaram nenhum tipo de exame para ela. Fizeram nada. Só deram remédio para dor e soro na veia para amenizar a dor dela e a enviaram para casa”, afirmou Thiago.
Parto em casa e morte das gêmeas
Ingrid de Barros Oliveira, de 31 anos, morreu e perdeu as bebês após dar à luz em casa
Arquivo pessoal
Na madrugada do dia 13 de maio, Ingrid entrou em trabalho de parto sozinha, dentro de casa. Uma das bebês nasceu no banheiro da residência da família.
Segundo os parentes, o Samu demorou cerca de uma hora para chegar. Ingrid e as gêmeas, Emilly e Elisa, foram levadas para o hospital. Uma das crianças já chegou sem vida. A outra morreu pouco tempo depois. A mãe passou por uma cirurgia de emergência, mas também não resistiu.
A certidão de óbito, à qual a reportagem teve acesso, aponta como causas da morte das bebês a prematuridade extrema, e no caso de Ingrid, choque hemorrágico e complicações do parto.
“Era o meu sonho desde sempre. E eu acabei perdendo o sonho da minha família inteira. A minha companheira me ajudou a viver. Infelizmente, é isso que eu quero: que nunca mais ninguém tenha que passar por isso. O sofrimento é grande demais”, desabafou o marido.
Caso foi registrado na Polícia Civil
O caso foi registrado na 123ª Delegacia de Polícia, em Nova Friburgo, como homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
O advogado da família, Wallace Corrêa Herdy, afirmou que já está tomando medidas legais.
“Agora algumas diligências serão requeridas para saber qual foi a equipe médica que fez o atendimento, qual foi a equipe que liberou a Ingrid para casa e apurar a responsabilidade da demora no atendimento do SAMU. Também houve demora da médica em autorizar a remoção para o Raul Sertã, o que contribuiu para o óbito da Ingrid, da Elisa e da Emily”, disse o advogado.
“Vamos representar o caso junto ao Ministério Público, tanto na promotoria de investigação penal quanto na tutela coletiva. É preciso garantir que essa tragédia não volte a acontecer com outra família.”
O que diz a Prefeitura
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Nova Friburgo informou que está apurando o caso. Segundo o órgão, as Comissões de Óbito e de Revisão de Prontuário já estão atuando, assim como a Vigilância em Saúde, que também acompanha o caso.
“A Secretaria informa que está adotando todas as medidas necessárias para apurar com responsabilidade o caso mencionado. Os responsáveis pelas unidades estão levantando informações junto aos setores envolvidos para entender, de forma precisa, o que ocorreu e, se necessário, tomar as devidas providências”.
Até a última atualização desta reportagem a direção da maternidade não havia se pronunciado sobre o caso.