Mourão diz que avisaria Bolsonaro sobre encontro com Moraes: ‘Não somos bandidos’


Ex-vice-presidente também negou ter conhecimento do plano golpista. Ele é uma das testemunhas de defesa na ação penal que investiga tentativa de golpe para manter Bolsonaro no poder. Vice-Presidente da República, Hamilton Mourão, durante 9ª Reunião do Conselho Nacional da Amazônia Legal
Bruno Batista/Vice-Presidência da República
O ex-vice-presidente Hamilton Mourão afirmou, nesta sexta-feira (23), que nunca recebeu ordens para atuar contra a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ou para um golpe de Estado no país.
Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), o senador também negou ter sido monitorado por militares acusados de envolvimento em uma trama golpista para manter o ex-presidente Bolsonaro, de quem era vice, no poder.
A informação de que o então vice-presidente tinha os movimentos acompanhados consta na delação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid.
Segundo o tenente-coronel, Bolsonaro teria pedido ações de monitoramento para confirmar se o general se encontrava com Alexandre de Moraes, um dos alvos da suposta operação.
“Se eu tivesse que me encontrar com vossa excelência eu falaria com o presidente Bolsonaro ‘vou conversar com o ministro Alexandre de Moraes’. Não temos nada a esconder, não somos dois bandidos”, afirmou o senador.
De acordo com o relato de Cid, os primeiros pedidos de monitoramento de Moraes partiram de Rafael Martins de Oliveira e Hélio Ferreira Lima, ambos denunciados pela PGR e apontados como articuladores da operação.
Depoimentos no STF
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) começou a ouvir nesta sexta-feira (23) as testemunhas de defesa dos réus Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), e de Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, na ação que apura uma tentativa de golpe articulada pela cúpula do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A fase de oitivas começou na segunda-feira (19) com testemunhas de acusação, escolhidas pela Procuradoria Geral da República (PGR).
Já foram ouvidos um diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), o ex-comandante do Exército general Freire Gomes, o ex-comandante da Aeronáutica brigadeiro Baptista Júnior, entre outros.
Eles confirmaram que Bolsonaro participou de um plano para permanecer no poder mesmo após derrotado nas eleições de 2022.
Denúncia
A Procuradoria-Geral da República (PGR) enviou ao STF uma denúncia, em 26 de março, contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 33 pessoas por golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.
De acordo com a PGR, a organização tinha como líderes o então presidente da República Jair Bolsonaro e seu então candidato a vice-presidente, Braga Netto.
Segundo a denúncia, aliados a outras pessoas, entre civis e militares, eles tentaram impedir de forma coordenada que o resultado das eleições presidenciais de 2022 fosse cumprido. Os acusados foram divididos em núcleos pela PGR.
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