
Invasão russa manteve funcionários em local do mais grave acidente nuclear da história: ‘Não sabia se um dia voltaria para minha mulher e meus dois filhos’. Trancados em Chernobyl: funcionários passaram 25 dias na usina após invasão russa
Segundo relatos da Ucrânia, os abusos dos invasores russos aconteceram também em uma das regiões do país mais reconhecidas pelos estrangeiros, e não por boas lembranças.
Em 26 de abril de 1986, houve o maior acidente da história numa usina nuclear. Por erro de operação, o reator 4 explodiu. A radiação se espalhou e um nome ficou gravado na memória do século XX: Chernobyl, mais grave acidente na história da indústria nuclear.
Transformada em uma zona de guerra durante a invasão russa, a cidade está mais abandonada do que nunca.
“Nas primeiras horas da invasão, em 2022, nosso supervisor ligou para dizer que a fronteira não estava calma, que se ouviam explosões e tiros”, relata um dos funcionários da usina que permaneceram na cidade. “Logo, Chernobyl foi ocupada. Ficamos trancados na usina por 25 dias, trabalhando direto.”
Chernobyl não gera mais energia, mas cerca de 2.500 pessoas seguem trabalhando na manutenção. Os reatores estão parados, mas ainda contêm material radioativo.
“Não tínhamos nem escova de dentes. Dormíamos em bancos, nos escritórios. Só tínhamos as roupas do corpo. Era muita pressão psicológica. Eu não sabia se um dia voltaria para minha mulher e meus dois filhos. E se um dia aquilo ia acabar.”
Trinta e cinco dias depois, finalmente, os russos foram expulsos de Chernobyl. Após dois anos de relativa estabilidade, um drone de fabricação iraniana enviado pelos russos abriu um buraco de 15 metros de diâmetro em cima da cobertura especial que protege o reator.
A cobertura tinha sido projetada para durar 100 anos. Serve tanto para impedir que a radiação escape como para proteger o reator 4 das intempéries. Segundo os engenheiros, o drone não perfurou totalmente a estrutura, e os níveis de radiação na cidade abandonada ali perto se mantêm estáveis.
Imagem de arquivo mostra homem andando na usina de Chernobyl , na Ucrânia
AP Photo/Efrem Lukatsky
No entorno da usina e da cidade deserta, foram construídos dezenas — talvez centenas — de acampamentos militares ucranianos. A equipe do Fantástico foi proibida de filmar. A ordem é proteção total para que a região não seja invadida outra vez.
“Agora estamos estudando os danos causados pelo impacto do drone, também os provocados pelo incêndio. A partir dos resultados, vamos decidir como fazer os reparos.”
Segundo os engenheiros, o drone não perfurou totalmente a estrutura, e os níveis de radiação na cidade abandonada ali perto se mantêm estáveis.
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