Mercadinho de Salvador é condenado a pagar R$ 20 mil a ex-funcionário por racismo recreativo


Conforme o Tribunal Regional do Trabalho (TRT-BA), uma gravação feita pelo ex-funcionário foi prova central para a condenação. TRT em Salvador iria contratar empresa para auxiliar servidores em atividades esportivas
Reprodução/TV Bahia
Um mercadinho de Salvador foi condenado a pagar uma multa de R$ 20 mil a um ex-funcionário após práticas de racismo recreativo e assédio no ambiente de trabalho. Conforme o Tribunal Regional do Trabalho (TRT-BA), entre as ofensas racistas, proferidas pelo proprietário do estabelecimento, estavam comparações de pessoas negras com o personagem fictício “King Kong”.
A decisão em primeira instância foi assinada pelo juiz substituto da 6ª Vara do TRT-BA, Danilo Gonçalves Gaspa, na terça-feira (3). O funcionário do estabelecimento, que é um homem negro, estava incomodado com a repetição das ofensas no ambiente de trabalho.
📲 Clique aqui e siga o perfil do g1 Bahia no Instagram
Ele presenciou uma série de episódios racistas enquanto trabalhou no local como: colegas de trabalho sendo alvos frequentes de comentários discriminatórios, piadas feitas durante os jogos de seleções africanas na Copa do Mundo de 2022, além das comparações de pessoas negras a personagens como o “King Kong”.
O funcionário confrontou a situação e tentou conscientizar o proprietário do estabelecimento em uma ligação que durou cerca de 15 minutos. Após isso, ele foi demitido do local sem justa causa. A gravação da conversa foi utilizada como prova central para a condenação do mercado.
Juiz concluiu que houve racismo recreativo
O juiz do TRT-BA concluiu que houve racismo recreativo e que o ambiente de trabalho apresentava falhas graves de acolhimento. Em sua argumentação, o magistrado deixou claro que a postura do empregado foi de clareza sobre os impactos emocionais do racismo e que, apesar das ofensas diárias, ele tentou conscientizar o dono do local a fim de criar um melhor ambiente de trabalho.
“Vale destacar que, por meio do áudio em questão, a parte autora, de forma lúcida e extremamente consciente acerca do fenômeno do racismo (e da discriminação em sentido amplo), expõe todos os fatos, revelando sua coragem e forma inclusive educativa, tentando (apesar de não ter sido efetivamente ouvido em seu relato, já que o [proprietário] tentou normalizar a situação narrada pela parte autora) demonstrar que os episódios não poderiam se repetir”, enfatizou o juiz.
Além de ignorar os relatos do empregado, o proprietário tentou justificar a prática de racismo recreativo e praticou etarismo ao ofender o empregado. Durante a ligação, ele afirmou que “velho é problema”, ainda tentando justificar as práticas racistas.
“Repito: o áudio em questão é uma prova concreta não apenas da prática de racismo recreativo (mas também de etarismo) que ocorria no âmbito da parte ré”, enfatizou o magistrado do TRT-BA.
O mercadinho também terá que pagar os honorários advocativos da vítima, para além da multa de R$ 20 mil.
LEIA MAIS:
Eu Te Explico #137: São João e os impactos culturais, financeiros e econômicos nos municípios
Ponte Salvador-Itaparica deverá ser finalizada em seis anos e será a mais extensa do Brasil, diz ministro Rui Costa
Receita Federal apreende 90 canetas emagrecedoras presas ao corpo de passageira no Aeroporto de Salvador
Veja mais notícias do estado no g1 Bahia.
Assista aos vídeos do g1 e TV Bahia 💻
Adicionar aos favoritos o Link permanente.