Prefeitura de Diadema faz operação para demolir bares que dão apoio a bailes funks na comunidade do Pombal e gera revolta de moradores


Comunidade diz que prefeito do MDB deu três dias para comerciantes deixarem imóveis sem negociação e sem apresentar mandado judicial. Eles falam em ilegalidade da operação. Prefeitura diz que objetivo é combater criminalidade na área. Moradores e comerciantes da comunidade do Pombal, em Diadema, na Grande São Paulo, vivem uma manhã de tensão nesta sexta-feira (6) em razão de uma operação da Prefeitura da cidade que tenta acabar com a infraestrutura de bares que funcionam no local e participam de bailes funks.
Desde terça-feira (6), a gestão do prefeito Taka Yamauchi (MDB) enviou uma notificação para os comerciantes do local pedindo a desocupação de pelo menos 30 comércios, sob ameaça de demolição dos imóveis. Procurada, a prefeitura disse que o objetivo é fiscalizar a documentação desses comércios. (Leia mais abaixo.)
Os três dias venceram nesta sexta-feira (6) e agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) da cidade e da Polícia Militar (Baep) estão no local, dando apoio para escavadeiras que também foram enviadas ao local para derrubar os imóveis.
“Essa operação é ilegal, porque eles estão ameaçando os comerciantes de demolição das lojas, mas não há mandado judicial e não tem nenhum representante da prefeitura para dialogar com a comunidade. Tentamos desde terça tentando entender na Prefeitura qual o motivo da notificação das famílias, mas ninguém da gestão Taka nos recebeu”, disse a advogada Larissa Pedrosa, que representa os comerciantes da área.
“Os tratores chegaram agora. Pedimos mandado judicial e o líder da GCM disse para falar com a Polícia Militar. A PM também diz que o mandado tem que ser cobrado da prefeitura, mas não tem ninguém para falar com a gente”, narrou a advogada.
O clima de tensão na comunidade do Pombal já levou os moradores a fecharem a rodovia Anchieta, no sentido litoral, duas vezes esta semana, em razão das ameaças da prefeitura.
A última vez foi na terça-feira (3), onde um pequeno grupo colocou fogo em madeiras e pneus e deixou a rodovia fechada por quase uma hora.
Na mesma terça (3), uma megaoperação da GCM e da PM na área teve uso de bombas de gás e balas de borracha, segundo os moradores (veja vídeo abaixo).
Por meio de nota enviada ao g1 na noite desta quinta-feira (5), a gestão Taka Yamauchi disse que “as notificações foram emitidas para fiscalização de comércios e tem como objetivo averiguar a documentação desses estabelecimentos na cidade”.
“Há denúncias de que alguns desses comércios abastecem de forma clandestina os pancadões e festas irregulares em Diadema. A fiscalização não se dará em moradias, portanto não haverá desabrigados. Em nenhum momento foi solicitada audiência por parte de moradores ou comerciantes com o poder público”, disse a prefeitura.
Taka Yamauchi (MDB)prefeito eleito de Diadema, na Grande SP.
Fábio Tito/g1
A Prefeitura de Diadema informou ainda que, na terça-feira (6), realizou uma ação de fiscalização urbana no Núcleo Habitacional (NH) Piratininga.
“O objetivo foi notificar o desfazimento de construções irregulares, como adegas, barracas e comércios improvisados, que estão ocupando áreas, principalmente em frente às garagens, prejudicando a circulação de pedestres, a mobilidade urbana e o uso coletivo desses espaços, especialmente pela ausência de calçadas”, afirmou.
A gestão Taka confirmou que os responsáveis foram notificados e dados três dias para realizar, de forma voluntária, a retirada dessas estruturas nos comércios.
Sobre os vídeos gravados pelos moradores, a prefeitura de Diadema disse que “trata-se de uma operação deflagrada na terça-feira (3/06) envolvendo todas as forças policiais da cidade no combate a criminalidade na cidade”.
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