RS é o estado com maior proporção de praticantes de umbanda e candomblé do Brasil, mostra Censo


Dados mostram que 3,2% da população gaúcha segue alguma religião de matriz africana. No Brasil, essa proporção é de 1%. Bará do Mercado, espaço tombado como patrimônio histórico-cultural de Porto Alegre, representa orixá que tem poder de abrir caminhos
Andréa Graiz/Agência RBS
O Rio Grande do Sul é o estado brasiliero que reúne a maior proporção de praticantes de umbanda e candomblé, de acordo com os resultados preliminares do Censo Demográfico 2022 divulgados nesta sexta-feira (6) pelo Instituto Brasiliero de Geografia e Estatística (IBGE).
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Os dados mostram que 3,2% da população gaúcha segue alguma religião de matriz africana. No Brasil, essa proporção é de 1%. Na última vez em que os dados foram apurados pelo IBGE, em 2010, o percentual da população braslieira que seguia alguma religião de matriz africana era de 0,3%, e o RS já ocupava o primeiro lugar.
Ainda assim, a religião com maior proproção de fiéis no estado é a católica, com 62,4%, aponta o Censo. Em seguida, estão os evangélicos, que formam 23,7% dos habitantes do estado. Veja os números completos abaixo.
Presença marcante no estado
De acordo com Everton Alfonsin, presidente da Federação Afro-Umbandista Espiritualista do RS (FAUERS), um levantamento feito em 2010 catalogou 71 mil terreiros no Rio Grande do Sul.
Alfonsin avalia que a presença marcante de seguidores de religiões de matriz africana no estado tem relação com o intenso tráfico de pessoas escravizadas vindas da África para o estado durante o período escravocrata no Brasil. Em 1814, por exemplo, dados apontam que, entre as 70 mil pessoas que viviam no território que hoje é o RS, 20 mil eram escravos e 5 mil eram pessoas negras livres.
“O que atraiu as religiões para o Rio Grande do Sul foi justamente a facilidade de os escravos chegarem aqui, mais especificamente os que vieram para a área portuária. Chegaram por Rio Grande, chegaram por Pelotas, e aqui se formaram”, explica.
Segundo dados do ano passado, quatro religiões de matriz africana são as mais praticadas no RS: umbanda, candomblé, batuque e quimbanda.
Bará do Mercado Público é mais famoso marco da presença afrorreligiosa na capital gaúcha
Prefeitura Municipal de Porto Alegre/;Divulgação
Em 2020, a Câmara de Vereadores de Porto Alegre aprovou o projeto de lei que tombou o Bará do Mercado Público como patrimônio histórico-cultural de Porto Alegre. Na crença do batuque, o espaço no centro do Mercado Público de Porto Alegre abriga o orixá Bará, uma entidade que abre caminhos e representa a fartura.
A divindade mais popular, no entanto, é Iemanjá. No dia 2 de fevereira, a orixá conhecida por ser “mãe de todos” é homenageada por milhares de fiéis nas praias do estado, em eventos que chegam a receber mais de 100 mil pessoas.
Ainda assim, o número de casos de preconceito religioso são preocupantes: entre 2022 e 2024, os casos de intolerância aumentaram 250% no RS. Em 2023, 70 casos foram registrados na Polícia Civil do estado, a grande maioria contra religiões de matriz africana.
A força das religiões de matriz africana e o aumento de casos de intolerância no RS
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