
Policiais são investigados por crimes como corrupção, tráfico de drogas e associação criminosa. Agora, permanecem presos na mesma unidade onde teriam cometido os crimes. Prédio da administração da unidade prisional dentro do complexo Romão Gomes, na Zona Norte de São Paulo.
Raul Zito/G1
A Corregedoria da Polícia Militar prendeu nesta terça-feira (11) quatro policiais suspeitos de envolvimento em um esquema de corrupção dentro do presídio militar Romão Gomes, na Zona Norte de São Paulo.
Os agentes são acusados de cobrar propina para permitir a entrada de celulares, drogas e anabolizantes na unidade, que abriga policiais militares que aguardam julgamento ou que já foram condenados pela Justiça comum ou militar.
Os quatro presos trabalhavam dentro do próprio presídio Romão Gomes. Parentes deles e de alguns detentos também estão sendo investigados por participação no esquema.
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Segundo a investigação, o caso começou a ser apurado em fevereiro de 2024 após a descoberta de um celular e um carregador escondidos na cela do soldado Eduardo José de Andrade. Condenado a 29 anos de prisão pelo assassinato de um açougueiro em Cedral, no interior do estado, Andrade decidiu colaborar com as investigações e revelou como funcionava a rede de corrupção.
De acordo com o depoimento, dois sargentos responsáveis pela guarda da unidade permitiam a entrada dos itens ilegais. A esposa de um dos presos teria o papel de levar os celulares até as celas nos dias de visita.
Em fevereiro deste ano, uma nova apreensão de celulares reforçou a suspeita de um esquema estruturado. Cinco aparelhos foram encontrados com um cabo que exercia a função de carcereiro no presídio.
Para a Corregedoria, o novo flagrante confirmou que o caso de 2024 não era isolado, reforçando a suspeita do envolvimento de mais PMs no esquema.
A quebra de sigilo telefônico de Eduardo Andrade revelou ainda conversas com dois traficantes de drogas, que são suspeitos de fornecer entorpecentes revendidos no presídio.
Segundo a investigação, a irmã de Andrade recebia a droga, e a mulher dele levava o carregamento até a unidade.
A Corregedoria também encontrou transferências bancárias entre essas a irmã e mulher de Andrade e os soldados Felipe Oliveira Mazola e Felipe Moreira da Silva, que também trabalhavam no Romão Gomes.
Além dos dois soldados, outros dois PMs são investigados por participação no esquema: o cabo Nilson Moreira da Silva, suspeito de fornecer anabolizantes a presos, e o soldado Moreno Maximiliano Rocha, investigado por receber dinheiro de detentos e de familiares.
Prisão preventiva
A Justiça Militar decretou a prisão preventiva dos quatro policiais militares. Eles são investigados por crimes como corrupção, tráfico de drogas e associação criminosa. Agora, permanecem presos na mesma unidade onde teriam cometido os crimes.
Basicamente, os policiais facilitavam a entrada de aparelhos em troca de uma compensação financeira. Ao mesmo tempo que nos intristece prender quatro políciais, nos orgulha também, porque é a própria PM fazendo o trabalho de apuração
O presídio militar Romão Gomes foi criado em 1957 e atualmente abriga 229 detentos — 227 homens e duas mulheres. A função principal do presídio é receber policiais militares condenados ou que respondem a processo, em regime de prisão preventiva, temporária ou já sentenciada.