Uma conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) co-organizada pela França e pela Arábia Saudita com o objetivo de costurar uma solução de dois Estados entre Israel e os palestinos foi adiada depois que Israel lançou um ataque militar contra o Irã. A informação é da agência Reuters. Segundo a agência, algumas delegações do Oriente Médio não iriam ou poderiam não ir devido aos acontecimentos.
Israel bombardeou o Irã durante a madrugada desta sexta-feira (13). O ataque matou comandantes militares e cientistas do país, além de danificarem instalações nucleares e fábricas de mísseis.
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O bombardeio aconteceu sob alegação de que o Irã está construindo bombas atômicas, que poderiam ser usadas contra Tel-Aviv. O país nega e sustenta que usa tecnologia atômica apenas para fins pacíficos, como a produção de energia.
O Irã é signatário do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), mas a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) teria apresentado objeções aos compromissos de Teerã com a organização.
Conselho de Segurança
O gesto de Israel motivou o agendamento de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, que deve acontecer ainda nesta sexta-feira.
Irã
O chefe supremo da República do Irã, o Aiatolá Ali Khamenei, prometeu nesta sexta-feira (13) responder aos ataques de Israel. “O regime sionista cometeu um crime em nosso querido país hoje ao amanhecer, com suas mãos satânicas e ensanguentadas. Revelou sua natureza maliciosa ainda mais do que antes, ao atacar áreas residenciais. O regime sionista deve se preparar para uma punição severa”, escreveu Khamenei.
Repercussão
A França, um dos países que promoveriam a conferência da ONU, apoiou o ataque e voltou a condenar o programa nuclear do Irã e disse que Israel tem o direito “de se defender e garantir sua segurança”. Ainda assim, o presidente Emmanuel Macron sustentou que é preciso exercer a máxima contenção e reduzir a tensão, “para evitar colocar em risco a estabilidade de toda a região”.
Outro país a defender a atitude de Israel foi os Estados Unidos. Seu presidente, Donald Trump, fez uma efusiva defesa da ação de Israel, acrescentando que o Irã deve aceitar o acordo para conter seu programa nuclear, caso não queira sofrer novos ataques.
Já a Rússia condenou “veementemente” o ocorrido. “Essas ações minaram drasticamente o progresso de esforços diplomáticos multilaterais meticulosos que visam reduzir as tensões e buscar soluções para eliminar suspeitas e o preconceito em torno do programa nuclear pacífico do Irã”, comentou o Kremlin.
O governo russo, que está envolvido em sua própria guerra contra a Ucrânia, afirmou que a questão não pode ser resolvida por meios militares e pediu que os países ocidentais, “que provocaram a recente onda de histeria anti-Irã no Conselho de Governadores da AIEA [Agência da ONU para Energia Atômica],” percebam as consequências perigosas “de sua abordagem destrutiva, bem como o grau de responsabilidade que têm pela tragédia em curso”.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores (MRE) da China, por sua vez, disse que o gigante asiático está “profundamente preocupado” com as consequências da ação israelense.
O Brasil, por sua vez, se manifestou através do Itamaraty. Em nota, o ministério afirmou que o ataque ao Irã demonstra uma “clara violação à soberania desse país e ao direito internacional”.
* Com informações da Agência Reuters