Donald Trump toma posse para segundo mandato como presidente dos EUA

Baixar


Quatro anos após deixar a Casa Branca, o republicano Donald Trump volta a assumir a Presidência dos Estados Unidos, na capital Washington, nesta segunda-feira (20). Participam da cerimônia, ex ocupantes do mesmo cargo, como os democratas Joe Biden e Barack Obama. Especialistas ouvidos pela nossa reportagem comentaram convites feitos a lideranças políticas mundiais, associados à direita internacional, e falaram sobre a participação de bilionários do setor da tecnologia. Historicamente, os EUA não costumam convidar chefes de estados de outros países.
    
De acordo com a professora do Instituto de Relações Internacionais e Defesa, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Marianna Albuquerque, as cerimônias de posse são momentos muito simbólicos e com rituais, que sendo usados ou não, passam recados sobre continuidades ou rupturas. 

“A gente tem que falar também dessa extrema-direita que vai para além da figura do presidente. E aí eu estou me referindo, por exemplo, a Steve Bannon, a Elon Musk, a essas figuras que saem fortalecidas com o retorno do Trump e que, por serem mega capitalistas, têm esse poder de influenciar como que essas outras pessoas também têm um papel de fazer esse trabalho de rede, esse trabalho transnacional de identificar lideranças da extrema-direita em outros países e de, inclusive, financiá-las.” 

Para os próximos quatro anos, o professor Williams Gonçalves, do Departamento de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, considera que Trump não demonstra interesse em se mostrar liderança mundial, mas nacional. Apesar de ser uma postura seguida por outros políticos, o novo presidente dos EUA não deve investir nessas alianças internacionais.

“Nenhum sentimento de amizade, de fraternidade, não. Ele defende os interesses dos Estados Unidos como defenderia com qualquer outro. Por isso ele não está preocupado se vão à posse dele. Isso para ele não tem nenhuma importância. Se tem muitos admiradores, que ótimo, interessante, legal, bacana. Mas o que está em jogo não é isso. O que está em jogo é a intransigente defesa dos interesses nacionais norte-americanos.”

Tanto para Biden, presidente que deixa o cargo, quanto Trump, que assume nesta segunda, a China é a principal ameaça atual aos EUA e o motivo para a redução do protagonismo estadunidense no restante do mundo. O país asiático rivaliza na liderança do processo tecnológico e conquistou uma extensa rede de alianças no sul global, inclusive incentivando o desenvolvimento dessas regiões. O professor Williams Gonçalves, da UERJ, define Trump como um “mercantilista”, e que deve levar essa postura para a política internacional.

“Ele sempre criticou gastos do Estado norte-americano com aliados em guerras, em lugares que o americano médio não tem a menor ideia onde fica. Ele não vai apoiar a Ucrânia, não vai gastar dinheiro. O inimigo é a China e todos os recursos devem ser destinados a impedir que a China se eleve mais no cenário internacional do que se elevou até aqui. Essa é a preocupação dele. O mais, tudo é secundário e até mesmo sem importância.”

Ainda no plano internacional, a professora Marianna Albuquerque, da UFRJ, lembra que política externa é sempre “declaratória”, ou seja, gera os efeitos pretendidos antes de ser implementada. Mariana considera “absurdas” algumas ameaças que Trump tem feito, como anexar o Canadá, para fazer, segundo ela, uma “cortina de fumaça” nas medidas menos polêmicas. Algumas apostas são o esvaziamento da agenda ambiental internacional e o fortalecimento do tom com a América Latina.

“Ele deve anunciar a retirada dos Estados Unidos de diversos compromissos ambientais que ele já tinha saído e que o Biden retornou. A indicação do Marco Rubio para a Secretaria de Estado mostra uma radicalização do tom com a América Latina. E aí eu acho que o grande elefante na sala vai ser a questão da Venezuela, mas também o endurecimento em relação a Cuba, Nicarágua.”

Apesar da presença prevista de ex-presidentes, Trump não esteve na posse de Joe Biden, quando assumiu o mandato anterior. A cerimônia de posse, que marca o retorno oficial de Donald Trump ao comando da Casa Branca, está prevista a partir das 14h, no horário de Brasília

*Com reportagem de Gabriel Corrêa
 

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, concede entrevista à imprensa

© Don Emmert/AFP/Direitos Reservados

Internacional Especialistas analisam quais serão as prioridades do republicano. Brasília 20/01/2025 – 10:23 Rádio Nacional / Rilton Pimentel Sayonara Moreno* Donald Trump Estados Unidos Marianna Albuquerque UFRJ Williams Gonçalves Uerj China venezuela segunda-feira, 20 Janeiro, 2025 – 10:23 4:36

Adicionar aos favoritos o Link permanente.