É #FAKE vídeo de Haddad dizendo que vai aumentar os impostos dos mais pobres


O ministério da Fazenda rechaça a veracidade da publicação e enxerga nela o objetivo de gerar pânico na população. A AGU pediu que o TIkTok removesse o conteúdo, que já se encontra fora do ar. É fake vídeo em que Haddad diz que “gosta de taxar pobres”
imagem: g1
Circula nas redes um vídeo em que mostra o ministro da Fazenda Fernando Haddad concedendo uma entrevista a repórteres e anunciando o aumento de taxação sobre os pobres, pois eles “representam 98% da população brasileira”. É #FAKE.
selo fake
g1
O que diz a publicação mentirosa
▶️ O vídeo, feito por deepfake, se multiplicou no TikTok. A conta @jair.jose57, uma das contas que publicou o vídeo fraudulento, conseguiu um alcance mais de 177 mil reproduções.
▶️ A publicação surge em um momento de endurecimento das críticas sobre a política tributária do governo, o que pode ser visto com a polêmica do pix e a medida de ampliação de fiscalização da Receita Federal.
▶️ Na semana retrasada, o ministro havia sido alvo de outro deepfake: a gravação mostra como se Haddad estivesse anunciando novos impostos para grávidas, donos de animais de estimação e compra de dólares. A Advocacia Geral da União (AGU) pediu que a Meta — dona do Facebook e do Instagram — retirasse o conteúdo do ar, que chegou a ser compartilhado até mesmo por parlamentares da oposição.
▶️ No vídeo, o ministro Fernando Haddad fala com jornalistas sobre a implementação de novos impostos, que atingiriam a população mais pobre. Seguem os principais trechos:
O vídeo começa: “Eu gosto de taxar os pobres. Não vou mentir para você que 98% da população brasileira é pobre. Como a gente só tem 2% de milionários, eu não acho justo taxar essa pouca quantidade de milionário, sendo que a gente tem 98% de pobres no Brasil”.
“Então, se a gente taxar todos os pobres, a gente vai ter mais lucro para o nosso governo do que se a gente taxar todos os ricos. Então, vamos aumentar o imposto, não dá nada. O brasileiro só vai dar a reclamada no começo, mas depois eles param de encher o saco, entendeu?”
“A gente pode aumentar um pouco o imposto das carnes. O brasileiro pode comer fígado, pé de galinha, uma asinha, esses daí não vão subir tanto. Como nosso presidente falou, infelizmente, o grosso está entrando e se não tiver condições para comprar uma carne, compre uma abóbora e a vida segue”.
Fato ou Fake: Checagem passo a passo
▶️ O Fato ou Fake procurou a assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda por e-mail, para checar a veracidade do vídeo. A resposta do Ministério foi a seguinte:

“Trata-se de conteúdo claramente falso, com visível manipulação feita por Inteligência Artificial. A mesma prática criminosa usada em outras montagens com esse tipo de edição, cuja intenção é tão somente criar pânico na população trabalhadora.
▶️ O vídeo original data de 16 de dezembro de 2024, é veiculado pela CNN Brasil e possui 5 minutos (contra 1 minuto e 14 segundos do editado). Na oportunidade, Haddad falava com repórteres à frente da casa de Lula, após ter visitado o presidente. Lula havia recebido alta de um procedimento cirúrgico para conter uma hemorragia na cabeça,
▶️ A transcrição do vídeo original comprova que o áudio usado no deepfake foi sumariamente editado. O vídeo verdadeiro início da seguinte forma: “Falamos sobre vários assuntos. Expus para ele a situação da reforma tributária, o estado da arte, o que está para ser decidido pela Câmara agora em caráter definitivo. Também tratamos das questões das medidas fiscais para apresentar para ele os relatores. E alguns projetos das reformas microeconômicas que precisam ser votadas em série nessa semana”.
▶️ Na noite da segunda-feira (20), a Advocacia-Geral da União (AGU) notificou o TikTok extraoficialmente para que a plataforma removesse o vídeo, enfatizando que “o vídeo feito por usuário trata-se de desinformação”. Na manhã desta terça-feira (21), o vídeo já havia sido deletado.
LEIA MAIS:
Após pedido da AGU, TikTok remove vídeo falso simulando fala de Haddad sobre ‘taxar os pobres’
▶️ Segundo a AGU, elementos visuais e de áudio do material respaldam a conclusão de que se trata, na verdade, de um deepfake:”alterações perceptíveis na movimentação labial e discrepâncias no timbre de voz típicas de conteúdos forjados com o uso de inteligência artificial generativa”.
▶️ Por fim, o órgão ainda diz que “o vídeo viola o direito à informação, previsto na Constituição Federal, e extrapola os limites da liberdade de expressão, caracterizando-se como evidente abuso de direito (art. 187 do Código Civil). A AGU também pontua que a postagem contraria os próprios “Termos de Uso” da plataforma que possui tópicos específicos para “Desinformação” e “Mídia editada e conteúdo gerado por IA”.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.