Força-tarefa encontra celulares dentro das celas onde estão presos policiais civis denunciados por corrupção por delator do PCC


Ao menos 11 aparelhos foram encontrados. Operação é um desdobramento das investigações sobre o assassinato de Vinicius Gritzbach, em novembro de 2024 na Grande SP. Aparelhos e outros objetos proibidos foram achados no Presídio da Polícia Civil, na Zona Norte da capital. Os policiais Valdenir Paulo de Almeida, apelidado de “Xixo”, e Valmir Pinheiro, conhecido como “Bolsonaro”, estão presos
Reprodução
A força-tarefa criada para investigar o assassinato do delator do Primeiro Comando da Capital (PCC) encontrou celulares e outros objetos proibidos dentro das celas onde estavam presos policiais civis denunciados por corrupção por Vinicius Gritzbach.
Os aparelhos e demais itens foram achados nesta terça-feira (4) no Presídio da Polícia Civil, na Zona Norte de São Paulo. A ação foi feita pelo Ministério Público (MP) e pela Corregedoria da Polícia Civil nos desdobramentos da investigação sobre a execução de Gritzbach.
Antes de ser morto, o empresário admitiu à Justiça que lavava dinheiro para a facção criminosa. E citou também o envolvimento de agentes de segurança com o PCC. Os policiais foram acusados de extorquir dinheiro dos bandidos para não incriminá-los.
Dois desses policiais estão presos nas celas onde a força-tarefa encontrou onze celulares. Os agentes detidos são Valdenir Paulo de Almeida, o Xixo, e Valmir Pinheiro, conhecido como Bolsonaro. Ambos estão na prisão da Polícia Civil antes mesmo da morte de Gritzbach, mas por suspeita de tráfico de drogas.
Parte dos aparelhos achados também estavam em celas onde outros policiais estão detidos. O g1 não conseguiu localizar as defesas dos investigados para falarem do caso.
Pelas regras do Presídio da Polícia Civil não são permitidos aos policiais presos o uso de telefones. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) foi procurada pelo g1 para comentar o assunto, mas não havia se pronunciado até a última atualização desta reportagem.
Antônio Vinicius Lopes Gritzbach foi executado em novembro no aeroporto de Guarulhos
Montagem/Reprodução/Redes Sociais
Além dessa ação no presídio policial, a força tarefa cumpriu nesta terça mandados de busca e apreensão contra um delegado classe especial, um dos mais altos níveis hierárquico da Polícia Civil. Ele também foi citado por Gritzbach na delação ao Ministério Público.
Nos últimos anos, o delegado Alberto Pereira Matheus Junior, alvo da operação desta terça, ocupou postos de destaque no Deic, o Departamento Estadual de Investigações Criminais, e no Denarc, o Departamento Estadual de Investigações sobre Entorpecentes. Ele não foi preso.
O g1 não conseguiu localizar a defesa do delegado para comentar o assunto. Alberto atua como delegado na 7ª Delegacia Seccional Leste da capital. A equipe de reportagem apurou que seus superiores avaliam a possibilidade de que ele seja afastado durante as investigações.
O nome do delegado apareceu durante análise do telefone celular do investigador Eduardo Lopes Monteiro, um dos quatro policiais civis presos pela Polícia Federal (PF) em dezembro do ano passado por suspeita de extorquir dinheiro e bens de Gritzbach.
Nos diálogos, segundo a PF, Alberto Pereira Matheus Jr faz pedidos constantes de dinheiro a Eduardo Monteiro. Os investigadores descobriram que os pagamentos foram feitos, via pix, nas contas da mulher e do filho do delegado.
Informações compartilhadas entre a PF e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP apontam a suspeita de que Eduardo Monteiro fazia pagamentos periódicos a Alberto Pereira Matheus Jr como uma espécie de “pedágio” pelo cargo que ocupava.
Vídeos mostram por diferentes ângulos execução de empresário no Aeroporto de Guarulhos
De acordo com a análise dos investigadores, o dinheiro usado para pagar o delegado era decorrente de arrecadação de valores obtidos por atos de corrupção policial — o que, no jargão policial, é chamado de “recolha”.
Os investigadores não conseguiram recolher o celular do delegado, item chave em qualquer apuração criminal. Alberto Pereira Matheus Jr disse aos policiais que perdeu o telefone justamente na segunda (3), véspera da operação e fez até boletim de ocorrência.
Alberto Pereira Matheus foi chefe do delegado Fabio Baena e do investigador Eduardo Monteiro, citados diretamente na delação do Gritzbach.
Em nota, a defesa de Baena e de Monteiro afirmou que a prisão dos dois é “ilegal, não possui necessidade, idoneidade e se constitui em arbitrariedade flagrante”.
Segundo a força-tarefa, 26 pessoas estão presas atualmente nos desdobramentos do caso Gritzbach. Entre elas, três suspeitos de terem participado diretamente da execução do empresário.
Mentiroso, mauricinho e psicopata: o que dizem os policiais civis presos sobre Vinícius Gritzbach
Adicionar aos favoritos o Link permanente.