
O exército ucraniano afirmou que a Rússia realizou mais de 60 ataques após o início do cessar-fog, meia-noite desta quinta (8). Zelensky já havia negado a garantia de trégua ao país russo. A Ucrânia afirmou que a Rússia continuou com os ataques ao território mesmo após o início do cessar-fogo proposto por Vladmir Putin, nesta quinta-feira (8). A informação é da agência de notícias Reuters.
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Segundo o exército ucraniano, foram realizadas mais de 60 ofensivas após a meia-noite do horário local – 18h, da quarta (7), pelo horário de Brasília.
Unilateralmente, o presidente russo declarou que a pausa no conflito, do lado das tropas russas, ocorrerá entre os dias 8 e 10 de maio, quando ele receberá líderes internacionais, incluindo o presidente chinês Xi Jinping, para celebrações em memória da vitória sobre a Alemanha nazista.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, já havia dito no último sábado que não daria uma garantia de trégua a Rússia.
O presidente ucraniano respondeu à oferta dizendo que estava pronto para um acordo, desde que o cessar-fogo durasse pelo menos 30 dias, e que a Ucrânia, dada a guerra contínua com a Rússia, não poderia garantir a segurança de nenhuma autoridade estrangeira que fosse a Moscou. No entanto, a recusa ainda não foi formalizada.
“Não podemos ser responsabilizados pelo que acontece no território da Federação Russa. Eles são responsáveis pela sua segurança e, portanto, não lhes daremos nenhuma garantia”, disse Zelensky.
O porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, disse que a oferta de trégua era um teste para avaliar a prontidão do governo ucraniano em buscar uma solução pacífica para acabar com a guerra e classificou as declarações do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, como ambíguas.
“A reação das autoridades ucranianas à iniciativa da Rússia de impor um cessar-fogo é um teste da prontidão da Ucrânia para a paz. E, é claro, aguardaremos declarações não ambíguas, mas definitivas e, principalmente, ações destinadas a acalmar o conflito durante os feriados”, afirmou.
Também neste sábado, Dmitry Medvedev, ex-presidente da Rússia e vice-presidente do Conselho de Segurança do país, fez fortes ameaças contra a Ucrânia.
Em uma mensagem na rede social Telegram, Medvedev chamou a declaração do ucraniano de “provocação verbal” e disse que ninguém havia pedido garantias de segurança de Kiev para os eventos de 9 de maio.
“Zelensky entende que, no caso de uma provocação real no Dia da Vitória, ninguém poderá garantir que Kiev viverá para ver 10 de maio”, ameaçou.
Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky (à esquerda), e o presidente da Rússia, Vladimir Putin.
REUTERS/Alina Smutko/File Photo/Maxim Shemetov
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Ao anunciar o cessar-fogo, em comunicado, o Kremlin pediu à Ucrânia que também aderisse à trégua, mas também já havia feito ameaças afirmando que, em caso de violações por parte da Ucrânia, as Forças Armadas russas dariam uma “resposta adequada e eficaz”.
Este é o segundo cessar-fogo anunciado por Putin na Ucrânia. No primeiro, há cerca de dez dias, a Rússia declarou trégua de 30 horas por conta da Páscoa, mas a Ucrânia acusou Moscou de violá-lo. A guerra na Ucrânia já dura mais de três anos, e ainda não há perspectiva de um acordo.
Um dos principais pontos de discórdia é o que será feito com as regiões ucranianas dominados pela Rússia. Atualmente, tropas de Moscou ocupam cerca de 20% do território da Ucrânia, a maior parte no leste do país, mas também a Crimeia, a península ucraniana anexada por Putin em 2014.
Zelensky exige todos os territórios de volta para aceitar o cessar-fogo, mas a Rússia alega que essas regiões já foram anexadas e que não as devolverá.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tem tentado mediar as negociações de paz entre os dois países, tem tentado convencer a Ucrânia a aceitar as anexações em troca de um acordo.
Trump e Zelensky conversaram no fim de semana em encontro no Vaticano, durante o funeral do papa Francisco. Após o encontro, o presidente norte-americano disse que “Zelensky está mais calmo”, afirmou que a Ucrânia está lutando “contra uma força muito maior” e disse que Vladimir Putin tem de “parar com os bombardeios, sentar e assinar um acordo” de cessar-fogo definitivo.
Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, encontra-se com o presidente dos EUA, Donald Trump, no funeral do Papa Francisco na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
SERVIÇO DE IMPRENSA PRESIDENCIAL DA UCRANIA / AFP