Natascha Falcão põe hits do pagode e da axé music no balaio de amor do EP ‘Universo da paixão II’ sem cair no cover


A cantora Natascha Falcão lança o EP ‘Universo da paixão II’ na sexta-feira, 13 de junho
Rikko Oliveira / Divulgação
♫ OPINIÃO SOBRE DISCO
Título: Universo da paixão II
Artista: Natascha Falcão
Cotação: ★ ★ ★ 1/2
♬ Em junho de 2024, Natascha Falcão incursionou pelos repertórios de bandas de forró eletrônico projetadas a partir da década de 1990, regravando quatro músicas do estilo no EP Universo da paixão. Decorrido um ano, a artista pernambucana dá sequência ao projeto, mas com foco em cancioneiro de estirpe mais nobre.
Quarto título da discografia dessa cantora, compositora e atriz projetada há dois anos com o primeiro álbum, Ave mulher (2023), o EP Universo da paixão II chega ao mundo na sexta-feira, 13 de junho, na mesma trilha forrozeira do antecessor, mas com músicas de outros estilos.
Natascha transforma em xote um sucesso da Timbalada, Beija-flor (Xexéu e Raimundo Nuvem Branca, 1993) – em gravação aberta com fala em que a avó da artista declara amor a Pernambuco enquanto abençoa a neta residente há doze anos na cidade do Rio de Janeiro (RJ), vinda do Recife (PE) – e traz para o universo nordestino um dos maiores sucessos do grupo de pagode Soweto. Farol das estrelas (Altay Veloso e Paulo César Feital, 1999) vira xote romântico no embalo do refrão iluminado e do toque da sanfona de Rainer Oliveira.
As outras três faixas do EP Universo da paixão II são regravações de temas de compositores já associados ao universo nordestino. Banquete de signos (Zé Ramalho, 1980) é movida pelas cordas arranjadas por Beto Lemos (rabeca, violoncelo, violão e baixo), coprodutor do EP (em parceria com Natasha) que também toca agogô, triângulo e zabumba na faixa, mas se ressente da cruel comparação com a pulsação inebriante da gravação original de Elba Ramalho.
Da lavra de Anastácia com Dominguinhos (1941 – 2013), a cantora pesca pérola rara fora da nação nordestina, Desilusão (1974), canção de tom mais dolente, coerente com o título, e menos festiva. A faixa oferece a melhor performance da artista como intérprete.
Solidão (Alceu Valença, 1994) fecha o EP Universo da paixão II em registro macio que até flui bem, mas Natascha Falcão é cantora que pode oferecer mais em disco.
Por mais que nunca caia na seara do cover burocrático, a artista precisa apresentar repertório inédito para atrair público mais interessado e consolidar o nome na música brasileira, como fizeram antecessoras como Marinês (1935 – 2007), Amelinha e Elba Ramalho.
Capa do EP ‘Universo da paixão II’, de Natascha Falcão
Rikko Oliveira
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